
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em seu discurso em evento realizado no 38º aniversário da Força Naval do Exército, na segunda-feira, 13, culpou os estudantes, os trabalhadores, enfim, todo o povo que se manifesta na rua contra seu governo, pela crise econômica, social e política que o país atravessa.
No último dia 07 de agosto, Ortega enviou ao Parlamento uma reforma ao Orçamento Geral da República que traz significativos cortes na Saúde, na Educação, Transporte e investimentos em infraestrutura, duro golpe nas condições de vida da população que os ministros justificam pela diminuição de ingressos do Estado.
A emenda pretende que o orçamento para 2018 passe de 2.547,2 milhões de dólares para 2.312 milhões de dólares, ou seja uma redução de 235,2 milhões de dólares, que equivale a 9,2%.
Para o regime orteguista os únicos responsáveis são os ‘revoltosos’ que, desde o dia 18 de abril tem se manifestado quase diariamente exigindo o respeito de seus direitos humanos e, em troca, recebem violência e repressão que já custaram a vida de quase 448 pessoas, segundo a Associação Nicaraguense Pro Direitos Humanos (ANPDH).
Alguns dos setores mais prejudicados pela proposta são a saúde, que perderá 26,6 milhões de dólares, a educação, cujo orçamento diminuirá em 19,7 milhões, e o Programa de Investimento Público, com 18,5 milhões menos.
Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram contra as reformas que diminuíam direitos de previdência e aumentavam a contribuição que os trabalhadores deviam pagar, reformas que acabaram anuladas pela pressão social que se agigantou e desembocou em exigência da renúncia do presidente, depois de onze anos no poder, com acusações de abuso e corrupção.