A Comissão Interamericana de Direitos Humanos exigiu, no último domingo, que o governo da Nicarágua respeite a liberdade de expressão e o direito ao protesto. A declaração foi feita após a detenção de ao menos 28 pessoas durante o final de semana.
Ao lado de delegados do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, especialistas da CIDH que integram o Mecanismo de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni) foram até a prisão de Chipote, em Manágua, para se informar sobre a situação dos jovens encarcerados por se manifestarem contra o presidente Daniel Ortega e a vice-presidente, Rosário Murilllo, que também é sua esposa.
Os protestos começaram após o anúncio, em abril, de uma reforma da Previdência Social e, conforme organizações independentes, já deixou mais de 450 mortos e 3.000 feridos. Enfrentando a violenta repressão policial e paramilitar que se seguiu, a população elevou o tom e passou a reivindicar a renúncia do presidente.
Neste domingo, ao som de “liberdade para nossos presos políticos”, mais de uma centena de manifestantes e familiares dos detidos se concentraram na porta da prisão para exigir informações sobre as cerca de três dezenas de manifestantes detidos em León, Carazo, Granada e Manágua. Entre os prisioneiros estava a cinegrafista brasileira, Emília Mello, que viajava junto a uma equipe de três pessoas para cobrir uma marcha anti-governamental em Granada. Após ser levada pela polícia junto com estudantes e ativistas da Coordenadoria Universitária pela Democracia e a Justiça (CUDJ), Emilia ficou detida 30 horas e deportada pelas autoridades. Na capital, houve denúncias de que homens armados abriram fogo contra uma caravana de opositores.