A polícia da Nicarágua dispersou com explosivos uma manifestação da oposição que percorreria a parte leste da capital, Manágua, no sábado.
No domingo, o governo Ortega reafirmou o anúncio de dois dias antes de que as marchas que denunciam a política antipopular governamental são ilegais e que perseguirá aqueles que continuem se manifestando.
“Não sou delinquente, não sou delinquente”, protestava uma mulher de 60 anos, de mãos dadas com duas colegas detidas, enquanto testemunhas eram empurradas e xingadas ao tentarem impedir a prisão.
“Aqui não se pode marchar (…) tenho direito de me manifestar, de dizer o que penso, dizer que sou livre (…), que Ortega virou traidor e seu governo faz hoje o que nos custou tanto sangue derrotar: Somoza”. Estes bandidos [policiais] nos agrediram, nos ameaçaram e eu não sou delinquente”, disse a mulher em entrevista ao “Canal 10”, minutos antes de sua prisão.
Outra das detidas foi Miriam del Matus, 72 anos, vendedora de água que ficou conhecida quando nos atos da oposição ajudava os manifestantes a se hidratar. Ela foi liberada horas depois, informou a imprensa local.
Habitantes dos bairros onde ocorria o protesto abriram as portas de suas casas para dar refúgio aos manifestantes, enquanto outros mostravam aos jornalistas o que pareciam ser cartuchos de granadas de percussão.
O Escritório do Alto Comissariado da ONU em Manágua, manifestou preocupação e chamou o Executivo a garantir o pleno respeito à liberdade de reunião e manifestação pacíficas, segundo as normas internacionais de direitos humanos.