
O Brasil se uniu à URSS, Inglaterra, China e EUA para salvar a humanidade. Foi o único país sul-americano a enviar tropas para a Europa. 25 mil brasileiros – dos quais 900 deram a vida – lutaram contra os fascistas na Europa
Neste “9 de Maio’, dia da libertação da humanidade da barbárie nazista, o Brasil não podia deixar de comemorar junto com os demais países que lutaram na Europa contra as tropas de Hitler e enterraram a “peste marrom”. É uma data que representa muito para toda a humanidade.
BRASIL NA GUERRA
Mesmo que atualmente alguns dirigentes europeus estejam tentando reescrever a história, nada vai apagar o heroísmo da URSS, que deu 27 milhões de seus filhos pela vitória sobre os nazistas, dos brasileiros, ingleses, chineses e americanos que participaram da grande frente antifascista na luta que libertou e salvou a humanidade.
O Brasil se orgulha de ter participado desta grande epopeia junto com os soviéticos e demais aliados. É por isso que o presidente Lula está neste momento em Moscou, representado o Brasil, para a grande parada militar comemorativa dos 80 anos da vitória dos aliados sobre os nazistas.

Neste momento em que os filhotes de Hitler ensaiam um retorno e ameaçam o mundo novamente, o Brasil não poderia ter outra política senão a participação – novamente – em uma ampla frente antifascista. Por mais que a mídia servil brasileira não goste, é esta a missão que Lula está cumprindo quando se reúne com os líderes da Rússia e da China, Vladimir Putin e Xi Jinping respectivamente, em Moscou. Eles estão construindo a luta comum do mundo pela paz e contra o ressurgimento do fascismo.

Em 1942 o presidente Getúlio Vargas, atendendo ao grande anseio popular, declarou guerra ao Eixo formado pelos nazistas da Alemanha, os fascistas da Itália e os militaristas do Japão. Getúlio teve que derrotar internamente a campanha dos integralistas – fascistas brasileiros – que defendiam que o Brasil se submetesse totalmente a Hitler e sua corja. Os bolsonaristas – fascistas atuais – são uma cópia desses integralistas das décadas de 30 e 40, só muda a quem eles querem se submeter e quem eles vão bajular. Tudo indica que a bola da vez parece ser Donald Trump.
ÚNICO SUL-AMERICANO
O Brasil foi o único país sul-americano que enviou tropas para as batalhas contra a Wehrmacht na Europa. Na ocasião, o presidente Getúlio acertou a participação do Brasil na guerra em conversas com o presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt. Houve um compromisso deste em apoiar tecnológica e financeiramente a criação da primeira siderúrgica nacional, a CSN. Em troca, o Brasil autorizou a instalação de uma base miliar dos aliados na cidade nordestina de Natal.

A decisão do Brasil de entrar na guerra provocou uma verdadeira cólera em Adolf Hitler que mandou seus submarinos para atacar a costa brasileira. Eles começaram a caçar navios mercantes brasileiros. Sua primeira vítima foi o navio Buarqui. No total, submarinos alemães e italianos afundaram mais de duas dezenas de navios mercantes brasileiros, transportando até 700 marinheiros.
POVO NAS RUAS CONTRA OS NAZISTAS
O Brasil respondeu com grandes manifestações populares nas quais os participantes, muitos deles liderados pelo Partido Comunista do Brasil, pediam que o governo declarasse guerra à Alemanha e enviasse suas tropas para a Europa. A declaração foi feita em 22 de agosto de 1942.
Dois anos depois, uma divisão, unidades auxiliares e um grupo aéreo foram formados – mais de 25 mil soldados e oficiais brasileiros no total foram enviados para os campos de batalha na Europa. O embarque do 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) rumo à Itália ocorreu há 81 anos, no dia 2 de julho de 1944. Os brasileiros tiveram como destino a cidade de Nápoles, onde atracou duas semanas depois.
Nos últimos dias de maio de 1944, o Comandante da FEB, General Mascarenhas de Moraes, foi informado da possibilidade de embarque do primeiro escalão de combatentes para a Europa para a segunda quinzena de junho. Foram os primeiros 5.075 militares brasileiros que rumaram para a guerra. Mais de 20 mil expedicionários seguiriam esse mesmo rumo nos meses seguintes, em outros quatro escalões.

O embarque foi mantido em completo sigilo. Os integrantes da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) estavam divididos em três Grupamentos Táticos. Na noite de 29 para 30 de junho de 1944, o primeiro e terceiro deles iniciaram deslocamento para os bairros cariocas de Santa Cruz e Recreio dos Bandeirantes, respectivamente. Já o Grupamento Tático nº 2, comandado pelo General Zenóbio da Costa, que inicialmente deveria ser deslocado para a região de Nova Iguaçu (RJ), partiu em sete composições férreas ao cais do porto do Rio, com destino ao Teatro de Operações da Itália.
GETÚLIO VISITOU OS PRACINHAS
Os vagões permaneceram com as luzes apagadas e janelas fechadas até o final da viagem. A área de embarque no porto foi isolada com bastante antecedência. Na noite de 30 de junho, o Presidente Getúlio Vargas e o Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, compareceram a bordo para apresentar as despedidas aos febianos e lhes desejar sorte na dura empreitada.

Na manhã de 16 de julho de 1944, os passageiros avistaram o Monte Vesúvio e o segredo em relação ao destino final da viagem estava desfeito: a cidade de Nápoles, no sul da Itália. Teria início, assim, a saga que os mais de 25 mil homens e mulheres da FEB escreveriam em terras italianas, com letras de sangue e glória.
No continente europeu, os brasileiros e os aliados receberam tanques e em setembro enfrentaram os alemães pela primeira vez na Linha de Gotha, perto do rio Arno. Eles lutaram com bastante bravura e não deixaram suas posições, embora sofressem muito com o frio – naquela época havia fortes geadas na Itália.
LUTAS NA ITÁLIA
Pelo resto de 1944 e início de 1945, os “pracinhas” travaram pesadas batalhas com os alemães perto da cidade de Monte Castello. Eles enfrentaram de frente as brigadas do inimigo e fizeram ataques na retaguarda alemã.
A Aeronáutica brasileira também participou das batalhas com o 1.º Grupo de Aviação de Caça (1.º GAvCa), ou simplesmente Jambock, muito conhecido na cultura popular pelo seu grito de guerra, Senta a Púa! O grupo de aviação de caça da Força Aérea Brasileira ficou famoso pelo seu brilhante desempenho na Segunda Guerra Mundial na Campanha da Itália e na Campanha do Atlântico Sul, foi criada pelo primeiro Ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, pelo Major Nero Moura, pelo engenheiro aeronáutico e Major Faria Lima.

Cerca de cinquenta pilotos brasileiros, incluindo o filho do presidente Getúlio Vargas, participaram das batalhas aéreas. Os marinheiros brasileiros também lutaram, não apenas em seus próprios navios, mas também nas tripulações de comboios marítimos que entregavam alimentos e armas para as forças aliadas na Itália. Eram viagens perigosas – submarinos alemães estavam caçando navios.
BATALHA DE MONTESE
A Batalha de Montese foi travada ao final da Segunda Guerra Mundial na comuna italiana de Montese, entre os dias 14 e 17 de abril de 1945, como parte da Ofensiva Aliada Final na Campanha da Itália, tendo como forças combatentes, de um lado, unidades da 1.ª Divisão de Infantaria Expedicionária Brasileira (1ª DIE), que contava com veículos blindados próprios, reforçada por tanques da 1.ª Divisão Blindada Americana; e de outro, tropas do 14.º Exército do Grupo de Exércitos C da Wehrmacht. Esta batalha é considerada a mais sangrenta batalha enfrentada pela FEB.

As tropas alemãs encontravam-se na posse da região de Montese, tendo como fronteiras as províncias de Modena e Bolonha, mas eles perderam a cidade para os brasileiros. O município de Montese possui numerosos rios, uma rica vegetação, bosques e soutos antigos que rodeiam os povoados medievais. Era considerada uma região de difícil acesso devido às fortificações alemãs construídas durante o período em que perdurou a Linha Gótica.
URSS CHEGA A BERLIM
A tentativa desesperada das forças alemãs de retomar a cidade, a partir de então, iniciou aquela que seria, até hoje, a mais sangrenta batalha envolvendo forças brasileiras em território estrangeiro desde a Guerra do Paraguai. Nesta ocasião, em Berlim, os soviéticos já davam a surra final nos nazistas e fincavam a bandeira da vitória no Reichstag.

Os alemães cometeram um erro ao considerar o ataque da divisão brasileira a Montese como sendo o principal alvo aliado naquele setor, tendo por conta disso disparado somente contra a divisão brasileira cerca de 1800 tiros de artilharia (equivalentes a 64%), de um total de 2800 tiros empregados contra todas as quatro divisões aliadas naquele setor da frente italiana.
Ao final da guerra, foram feitos 20.573 prisioneiros do Eixo, incluindo dois generais e cerca de 900 oficiais. A FEB permaneceu ininterruptamente duzentos e trinta e nove dias em combate.
Na Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas brasileiras perderam cerca de dois mil soldados e marinheiros, incluindo 948 mortos. Eles perderam três navios de guerra, 22 caças e 25 embarcações civis. É claro que esses números são muito inferiores aos danos causados pelos nazistas à União Soviética, que foi quem enfrentou a maior parte das tropas de Hitler. Mas é respeitável que os brasileiros tenham corajosamente se aliado àqueles que, como os soviéticos, americanos e ingleses, lutaram contra o sangrento e criminoso regime nazista.
A VOLTA TRIUNFAL DOS PRACINHAS
Milhares de pessoas ocuparam as ruas do Rio de Janeiro para receber os sodados vitoriosos. Atualmente há um majestoso monumento nacional no Rio de Janeiro em homenagem aos que morreram na Segunda Guerra Mundial. Em 1962, os restos mortais dos militares foram transportados da Itália e solenemente reenterrados no Rio de Janeiro. Os heróis vivos foram lembrados ainda mais tarde, nos anos 80, e uma pensão e benefícios foram estabelecidos para eles e suas famílias.
Ao mesmo tempo em que o presidente Lula se juntava aos aliados para a grande comemoração dos 80 anos da vitória no desfile em Moscou, o comandante da Marinha do Brasil, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, participou nesta quinta-feira (8) de uma solenidade que homenageou os heróis do mar, combatentes da força que lutaram na Segunda Guerra Mundial.
Além das homenagens, durante a cerimônia foi lançado o livro “A bordo do contratorpedeiro Barbacena”, de autoria do vice-almirante João Carlos Gonçalves Caminha, que destaca o comandante de um contratorpedeiro que, juntamente de sua tripulação, enfrentou inúmeros desafios no contexto da Segunda Guerra Mundial. Relembrar os 80 anos do Dia da Vitória, segundo o almirante Olsen, é de suma importância. “Quem não reverencia o passado não merece o futuro”, destacou o militar em fala à imprensa.

O comandante da Marinha também ressaltou as muitas lições a tirar ao reexaminar esse passado, desde a de que a sociedade brasileira deve ser mais atenta às questões de defesa a um entendimento de que o Brasil é inviável sem o uso do mar. “É preciso que na atualidade a gente tenha o entendimento de que o Brasil é inviável sem o uso do mar. Ali está toda a economia: 97% das nossas exportações se dão através de rotas marítimas, 97% do petróleo, 83% do gás; 54% da tripulação reside em uma faixa de 150 km do litoral; 70% do nosso turismo, é um turismo de sol e mar. Nós temos uma indústria oceânica que é a sétima economia do mundo. Então nós temos muito o que explorar no mar”, disse.
A Batalha do Atlântico, que durou de 1939 a 1945, foi a mais longa campanha militar contínua do conflito. Durante a guerra, mais de 3 mil embarcações nacionais e estrangeiras foram escoltadas pelos navios da Marinha Brasileira, com destaque para a proteção de 575 comboios. Cerca de mil e quatrocentos brasileiros morreram no mar durante a guerra, entre mortos em combates com submarinos e navios e vítimas de acidentes.
SÉRGIO CRUZ