O ex-deputado João Goulart Filho, candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), foi recebido nesta segunda-feira (27) pela direção da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) em Brasília. O presidenciável do PPL foi recepcionado por Luís Antônio de Araújo Boudens, presidente da entidade. Os dois fizerem um debate transmitido ao vivo pela TV da entidade. Eles discutiram segurança pública e fizeram um resgate histórico do papel desempenhado pelo nacional desenvolvimentismo no progresso do Brasil. Os dois se debruçaram também sobre os graves problemas que afligem atualmente a população brasileira.
João Goulart destacou que a mudança necessária do modelo econômico tem como questão central o enfrentamento da desigualdade social. “Nós temos que superar essa situação para que o país possa crescer e sair da crise. Temos que investir em nosso mercado interno, porque sem mercado interno não há como o país se desenvolver”, disse ele. “Enquanto 2% da população concentra grande parte da riqueza deste país, há comunidades brasileiras com indicadores sociais comparáveis à de Serra Leoa, na África. Isso não pode continuar”, disse candidato. “Os salários são muito baixos no país”, denunciou.
“Nos últimos 30 anos nós só assistimos ajustes fiscais em cima de ajustes fiscais e o país cresceu em média 2% ao ano. Se nós computarmos o crescimento de nossa população neste período, de cerca de 2% também, nós estamos com a economia estagnada. Só os trabalhadores foram penalizados nestes trinta anos”, prosseguiu o presidenciável. “Temos que acabar com aquela conversa do ex-ministro Delfim Neto que dizia que o bolo tinha que crescer primeiro para depois distribuir a renda. A verdade é que o país só cresce com distribuição da renda”, observou João Goulart. Para o filho de Jango, “o país não pode concentrar a renda nas mãos dos grandes grupos financeiros”.
Boudens concordou com a análise e frisou que “isso continua até hoje”. Ele contou que participou recentemente de um debate com o ex-ministro Delfim Neto e confirmou o que Goulart disse sobre a tese do ex-ministro. Segundo Boudens, Delfim continua defendendo a mesma coisa. Que haja concentração da renda e que só depois que os poderosos enriquecem é que se pode pensar em distribuir a renda. Boudens chamou a atenção para a necessidade de mais investimentos em segurança e cobrou mais respeito com os policiais federais. Ele lembrou que em outros países os policiais são melhor tratados do que no Brasil.
João Goulart foi na mesma direção e apontou as causas da falta crônica de recursos no país. “Hoje faltam recursos para a segurança, para a educação e para a saúde porque o governo gasta cerca de 400 bilhões por ano do orçamento só para pagamento de juros aos bancos”, denunciou. “É necessário mudar essa situação. E faremos isso reduzindo os juros para os patamares internacionais, que estão na faixa de 0,5%. Com isso vamos poder designar mais recursos para as demandas sociais”, garantiu o presidenciável do PPL. Outra medida defendida pelo candidato foi a revogação da Medida Provisória nº 95, que congelou os gastos sociais por vinte anos.
João Goulart disse que o país deve investir mais na área social e na segurança. “Não é admissível que tenhamos 62 mil assassinatos por ano, segundo os últimos dados. Isso é uma média de guerra. A Guerra do Vietnam não ceifou tantas vidas de soldados americanos como nós ceifamos jovens, muitas vezes negros que estão a serviço do tráfico”, avaliou. Ele citou Darcy Ribeiro – que dizia que se não fossem construídas escolas, o Brasil teria que criar presídios – para destacar a ausência do Estado nas comunidades. É necessário que o Estado esteja presente nas comunidades, com escolas de tempo integral, com creches, com cultura, lazer e esporte”, defendeu.
Outra providência apresentada pelo candidato foi a reforma urbana, com a regularização das propriedades dos moradores das comunidades, “para que eles deixem de ser reféns das milícias e acabem sendo expulsos de suas casas”. João Goulart reforçou que a defesa das fronteiras pode ser feita pela Polícia Federal que, segundo ele, “tem mais inteligência e capacidade para fazê-lo”. “Isso, evidentemente, demanda um melhor aparelhamento e um volume de recursos muito maiores em pessoal e tecnologia”, observou Goulart.