
“Corpo de Bombeiros-MG é referência nacional e internacional nesse tipo de tragédia”
O tenente porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, afirmou que o número de mortos, vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), chegou a 84 na tarde desta terça-feira, além de 276 desaparecidos. Os dados foram confirmados pela Defesa Civil.
Aihara fez um balanço dos trabalhos realizados, e falou das dificuldades encontradas pelas equipes durante as buscas que, nas últimas horas, se concentraram em dois pontos principais – os destroços do refeitório da Vale e nas proximidades de um ônibus com funcionários que estava na mina – 120 integrantes da equipe de buscas foram mobilizados nesta terça-feira. De acordo com o corpo de resgate, 280 bombeiros se revezam nas buscas.
O tenente comentou o apoio recebido por uma equipe de israelenses, solicitado por Bolsonaro, e informou que não foram todos os equipamentos israelenses que serviram nas atividades de busca. Ele disse que os drones ligados a satélites contribuíram no mapeamento da região e na localização de alguns corpos.
“Os israelenses aprenderam também com a nossa experiência nesse tipo de tragédia onde somos referência nacional e internacional. Nós também aprendemos algumas coisas com eles. Certamente houve um intercâmbio positivo”, declarou.
Segundo o tenente coronel Eduardo Ângelo, comandante das operações de resgate, os equipamentos trazidos pelos israelenses “não são efetivos para esse tipo de resgate”.
“O imagiador que eles têm pegam corpos quentes, e todos os corpos [na região] são frios. Então, esse já é um equipamento ineficiente. Dos equipamentos que eles trouxeram, nenhum se aplica a esse tipo de desastre”, disse, em declaração reproduzida pela Folha de S. Paulo.
MILAGRE
Ouvido pela BBC News, o engenheiro, geógrafo e professor Moacyr Duarte avalia que as chances de achar alguém com vida sob a lama espessa é “quase zero”.
“Depois de 72h, estamos no terreno do milagre. Se encontrarem alguma coisa, serão apenas mais corpos”, afirmou o geógrafo, explicando que a lama mole “se comporta como água” e preenche completamente todos os cômodos de casas e outras construções.
“Onde não há obstáculos, a lama se espalha por todos os lados, mas ali a camada de sedimentos fica bem alta. Quem foi resgatado estava na franja da enxurrada ou ficou perto da superfície. No nível do chão, não tem chance de sobrevida”, confirma o especialista.