Os três reféns israelenses que foram baleados e mortos na sexta-feira (15) em Gaza pelas forças israelenses estavam sem camisa, desarmados e um deles agitava uma bandeira branca de rendição, reconheceu uma autoridade militar israelense.
Dois reféns foram mortos imediatamente; o terceiro foi ferido e gritou por socorro em hebraico antes de ser baleado novamente.
A execução ocorreu em Shujayea, um subúrbio oriental da Cidade de Gaza. Os três reféns mortos foram identificados como Yotam Haim e Alon Shamriz, do Kibutz Kfar Aza, e Samer Talalka, do Kibutz Nir Am.
Centenas de parentes e apoiadores de reféns ainda mantidos pelo Hamas manifestaram sua dor e indignação em frente ao Ministério da Defesa israelense em Tel Aviv na noite de sexta-feira. Neste sábado, as famílias dos reféns voltaram a se reunir para discutir a intensificação de seus protestos contra o governo israelense.
BANDEIRA BRANCA
“É proibido pelo Direito Internacional Humanitário (e princípios morais básicos) atirar em pessoas que cederam e carregam uma bandeira branca, independentemente de serem combatentes ou não, independentemente de sua nacionalidade e religião”, denunciou o grupo israelense de direitos humanos B’Tselem.
As reações em todo o mundo neste sábado foram de espanto e incredibilidade. “Milhares (sim, milhares) de palestinos descreveram como Israel dispara contra pessoas desarmadas que não representam ameaça, mas apenas quando isso acontece com os israelenses as pessoas acreditam”, postou Sarah Leah Whitson, diretora executiva da DAWN.
Escrevemos há alguns anos – ela acrescentou – um relatório “especificamente sobre o tema de Israel atirando em moradores de Gaza agitando bandeiras brancas.”
“Três reféns israelenses obviamente desarmados, sem camisa, gritando em hebraico agitando uma bandeira branca, foram mortos a tiros pelas tropas israelenses. Os civis palestinos não têm chance”, destacou o colunista do jornal britânico The Guardian, Owen Jones.
FDI ESTÁ “FORA DE CONTROLE”
A advogada e membro da Câmara dos Lordes britânica, Sayeeda Warsi, disse no sábado que o exército israelense está “feliz, cheio de ódio e fora de controle”, após a informação de que soldados israelenses executaram a tiros três reféns desarmados e segurando uma bandeira branca improvisada.
“Se é assim que as FDI tratam os reféns, imagine o que os palestinos estão sofrendo todos os dias”, disse ela.
“Esses crimes foram cometidos à vista de todos, com políticos, soldados e comentaristas israelenses orgulhosamente defendendo a intenção genocida.”
“SOLDADO SE SENTIU AMEAÇADO”, EXPLICOU FDI
Na versão do exército de ocupação, de acordo com uma “investigação preliminar”, os reféns israelenses foram mortos porque os soldados israelenses não teriam seguido as “regras de engajamento”.
Dois dias antes, as FDI haviam identificado o prédio marcado com “SOS” e “Help! Três reféns”.
Um soldado estacionado nos andares superiores do prédio abriu fogo contra três figuras que seguravam um longo bastão com tecido branco preso a ele.
O laudo afirma que, por algum motivo, o soldado se sentiu ameaçado no momento, e dois dos cativos caíram no chão.
Outro cativo pediu ajuda em hebraico, mas foi morto por soldados israelenses por acreditarem que era um “membro do Hamas que estava tentando puxá-los para uma armadilha”.
Segundo o jornal israelense Haaretz, os reféns também estavam sem camisa quando foram baleados. Um deles conseguiu escapar enquanto gritava por socorro em hebraico, mas soldados israelenses ainda o perseguiram até um prédio e o mataram a tiros.