“Esta é uma guerra da OTAN contra a Rússia, na qual o povo ucraniano é usado como bucha de canhão”, diz o presidente do Partido Comunista da Federação Russa, Gennady Zyuganov
Segue a íntegra da recente declaração do líder do PCFR, originalmente intitulada “O fascismo neoliberal revela seus planos sinistros”:
GENNADY ZYUGANOV*
O alto representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, declarou que o confronto entre Ucrânia e Rússia “será vencido no campo de batalha”. Borrell é um inimigo de longa data da Rússia. Em maio de 2019, ele chamou nosso país de “velho inimigo”. Mas sua declaração atual tem um caráter qualitativamente novo. Borrell anunciou publicamente as intenções dos estrategistas ocidentais, que eles haviam cuidadosamente ocultado até agora. Esta não é uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Esta é uma guerra da OTAN contra a Rússia, na qual o povo ucraniano é usado como bucha de canhão.
As palavras “negociações” ou “acordo político” desapareceram do vocabulário dos políticos ocidentais e seus vassalos de Kiev. No Ocidente e em Kiev, agora se ouve exclusivamente discursos beligerantes. Corre o fornecimento de armas e mercenários para a Ucrânia. Uma guerra de informações falsas está sendo travada de forma extremamente agressiva.
Assim, as “democracias” ocidentais não evitam as mais vis provocações sangrentas. Já está provado que o “massacre em Bucha” foi encenado, que o ataque do míssil Tochka-U na estação ferroviária de Kramatorsk, que matou mais de 50 civis, foi infligido por banderistas [seguidores do fascista ucraniano Stepan Bandera]. Mas, como afirmou o líder da propaganda de Hitler, Goebbels, “quanto mais monstruosa a mentira, mais voluntariamente acreditam nela”. Como o Ocidente precisa justificar as atrocidades de seus vassalos, novas provocações sangrentas podem ser esperadas.
Os EUA e seus aliados não estão apenas ignorando o fato de que o atual governo na Ucrânia está sob o controle de nazistas. Eles protegem esses degenerados – os herdeiros de criminosos fascistas e autores dos crimes mais graves contra o povo da Ucrânia. A confirmação disso é a votação em 7 de dezembro de 2021 de uma resolução da ONU intitulado “Combate à glorificação do nazismo, neonazismo e outras formas de racismo, discriminação racial e xenofobia”
Apenas dois países, de fato, apoiaram o fascismo votando contra a resolução: os Estados Unidos e a Ucrânia. 49 países se abstiveram. Entre aqueles que se recusaram a condenar o nazismo estão todas as “democracias”, algumas das quais lutaram ao lado de Hitler, e agora fornecem a Bandera armas e cobertura de propaganda política. Estes são, em particular, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Holanda, Polônia, Austrália, Bélgica, Canadá, Croácia, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Japão, Letônia, Lituânia, Noruega, Romênia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça..
Sobre o fato de a Ucrânia ter se tornado o centro mundial do neonazismo falam com preocupação até mesmo congressistas americanos. Mas o verdadeiro poder na América está nas mãos daqueles que apoiam os neonazistas banderistas. Os Estados Unidos estão forçando todos os seus aliados da OTAN a levar armas para a Ucrânia, forçando-os a comprar novas armas americanas, aumentando assim os lucros dos “vendedores da morte” nos Estados Unidos.
A cortina de fumaça da “luta pelos valores civilizados” foi deixada de lado. Josep Borrell igualou publicamente a União Europeia, a OTAN e Bandera. No Ocidente, eles não podem mais esconder seu ódio histórico à Rússia, o desejo de suprimi-la, novamente apoiando-se nas forças mais sinistras diante do neonazismo.
Nestas condições, é importante a solidariedade de todas as forças progressistas do mundo. É necessário mobilizar todos os recursos espirituais, intelectuais e econômicos da Rússia para repelir o fascismo travestido de liberal. O país precisa de um novo rumo baseado nas propostas do Partido Comunista. A política socioeconômica do Estado russo deve passar por mudanças fundamentais para não apenas quebrar o estrangulamento das sanções, mas também para entrar no caminho da independência das importações e da industrialização forçada, contando com o gênio criativo do povo, com os colossais recursos naturais e o potencial produtivo da Rússia. Nosso futuro é o socialismo!
* presidente do Comitê Central do Partido Comunista, chefe da bancada do Partido Comunista na Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação Russa