“A Otan bagunçou a Europa, açulou conflitos na região Ásia-Pacífico e quer até desordenar o mundo”, alertou, em pronunciamento, nesta quarta (27), o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Wang Wenbin.
Ele denunciou ainda que governos ligados à Otan ficam exigindo de outros que “obedeçam as regras” enquanto “a Otan tem semeado guerras a esmo e atirado bombas sobre Estados soberanos, matando e deslocando civis inocentes”.
As declarações de Wenbin vieram em resposta à secretária de Assuntos Externos do Reino Unido, Liz Truss, que exigiu da China que “jogasse conforme as regras”.
Em sua ida ao parlamento inglês, a secretária voltou a propagandear o crescimento bélico da Otan. Disse que “os movimentos coordenados para isolar a Rússia da economia mundial provam que o acesso ao mercado dos países democráticos não está mais como algo dado”.
“Os países devem jogar conforme as regras”, repetiu. “E isso inclui a China”, acrescentou.
“A Otan, dita organização militar do Atlântico Norte, tem, nos anos recentes, vindo à região Ásia-Pacífico para jogar seu peso e atiçar conflitos”, respondeu Wenbin.
Truss disse que a Otan deve, sim, atuar na região dos oceanos Índico e Pacífico “estendendo sua visão para democracias” que estão fora da jurisdição de seus membros e citou o caso de Taiwan (que a China mantém como parte histórica e integrante do país).
Em tom de ameaça, Truss disse ainda que o crescimento da China (segunda potência econômica mundial, enquanto que o Reino Unido é a sexta) “pode ser alvejado”.
“A China não continuará a crescer se não jogar pelas regras. Já mostramos, através da Rússia, o tipo de escolhas que estamos preparados para adotar se as regras internacionais (com certeza as que ela e sua majestade determinarem, em submissão a Washington, claro)” perorou.
Truss agiu de forma a tensionar mais ainda as relações ao qualificar a amizade da China com a Rússia como a de “agressores trabalhando em consenso”.
A China tem se recusado a acatar o cerco econômico à Rússia e, em cúpula China-EUA, o primeiro-ministro chinês, Li Kejiang disse com firmeza que “a China busca a paz de acordo com os seus caminhos definidos soberanamente”, o que agora foi reforçado por Wang Wenbin: “A posição da China em relação ao conflito na Ucrânia é consistente e clara. Temos sempre feitos julgamentos independentes baseados no mérito do caso”.