Otoni diz que silêncio de Bolsonaro é “covardia” e que atos nos quartéis são “catastróficos”

Otoni de Paula com Bolsonaro. Foto: Reprodução - Redes sociais
Aliado de primeira hora do “mito” declara que apoiadores em frente aos quartéis “serão presos e não haverá ninguém que os defenda”. Após essas declarações, Otoni virou alvo do ódio dos bolsonaristas

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder e aliado ferrenho de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, criticou o silêncio do presidente em fim de mandato após ter sido derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PL) e classificou a atitude do aliado como “covardia”.

“O silêncio do presidente, pior do que o silêncio do presidente, as frases enigmáticas, as fotos enigmáticas, isso está fazendo tão mal ao povo. Isso chega a beirar, e eu sei que a palavra que eu vou usar é muito forte, mas isso chega a beirar uma covardia, uma manipulação do povo”, disse em entrevista publicada no sábado (17) pelo site bolsonarista “Jornal da Cidade Online”.

“Assim como agora, subi na tribuna esta semana para pedir ao presidente que tome uma decisão e comunique essa decisão ao seu povo, seja qual for, mesmo que seja a mais triste e dolorosa de que nada será feito. Que ele diga ao seu povo que consultou o jurídico, tentou criar caminhos e não há caminhos. Quero pedir perdão por ter gerado esperança a vocês, mas, neste momento, me resta com altivez assumir meu papel de grande líder do país para que possamos nos soerguer nos próximos quatro anos”, afirmou.

O parlamentar também definiu o momento atual dos apoiadores de Bolsonaro que ainda estão em acampamentos em frente aos quartéis para pedir uma intervenção militar no país como “catastrófico”.

“Você tem pessoas que estão se divorciando, você tem pessoas que estão em crise no casamento porque resolveram acampar mais de 40 dias na porta de quartéis. Você tem brasileiros que perderam empregos. Você tem brasileiros que estão em situação lamentável, movidos pelo amor à pátria, movidos pela confiança do presidente da República”, afirmou.

Segundo Otoni de Paula, Bolsonaro não tem o direito de manter o silêncio ou de liberar frases enigmáticas. “O presidente precisa falar claramente ao seu povo. E se ele não fizer, ele sairá pequeno. Ele sofrerá a maior derrota de todas, que não foi nas urnas”, continuou o deputado, acrescentando que se o presidente “parar de blefar, aí sim, a sua derrota será avassaladora”.

Ele fez ainda um alerta para que os bolsonaristas saiam das portas dos quartéis.

“Eu vou ser chamado de traidor por aqueles que acham que o presidente Bolsonaro vai agir, e eu, olhando na sua câmera, digo: não vai. E digo: não se iludam. E digo mais: saiam das portas dos quartéis, vocês serão presos e não haverá ninguém que os defenda”, disse Otoni, lembrando que mais ordens de prisões do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, podem ocorrer após o recesso parlamentar.

“Quem ele quiser prender”, respondeu ele ao ser questionado sobre quem o magistrado prenderia.

Após essas declarações, Otoni foi alvo de uma enxurrada de impropérios bolsonaristas. Um deles foi Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro e operador das rachadinhas do senador quando este era deputado estadual do Rio de Janeiro.

Queiroz afirmou que Otoni “traiu” Bolsonaro e seria uma “decepção”.

Outros bolsonaristas seguiram Queiroz no ataque a Otoni.    

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