Estudo realizado nos fios de cabelo de 90 moradores de 14 comunidades do polo industrial de Barcarena (PA), região atingida pelo despejo de poluentes da multinacional norueguesa Norsk Hydro, apontam um alto índice de contaminação da população local. Segundo o levantamento da Universidade Federal do Pará, a presença de ao menos 20 substâncias tóxicas, como chumbo, cromo e níquel, foi encontrada em 91% dos casos analisados.
A pesquisadora doutora Simone Pereira, do departamento de química da Universidade Federal do Pará (UFPA), disse que os elementos encontrados são extremamente danosos ao ambiente e às pessoas. Segundo ela, o chumbo, por exemplo, foi encontrado bem acima do normal nas amostras coletadas.
“91% da população pesquisada está com níveis de chumbo acima de 6 microgramas por grama, que é o nível médio encontrado em uma população não exposta, como Altamira”, informou a pesquisadora.
Entre a população analisada, segundo Pereira, uma criança apresentou nível de alumínio 100 vezes acima do controle; cromo 4 vezes acima; manganês 3 vezes acima; e níquel 2 vezes. A mãe, que autorizou a análise, disse que o menino apresenta problemas na pele, coceiras, além de dores de cabeça constantes. A família consome água encanada, mas usa o igarapé para tomar banho quando falta água.
ANÁLISE
A coleta foi realizada entre 2015 e 2017 por conta de acidentes ambientais causados por indústrias que atuam na região. O Ministério Público Federal (MPF) já relacionou 17 acidentes ambientais entre 2000 e 2015. Outro caso foi o naufrágio de um navio com 5 mil bois vivos em Vila do Conde.
Em fevereiro, um vazamento de rejeitos da produção de alumínio da norueguesa Norsk Hydro, foi detectado nos igarapés paraenses. Após a denúncia, as autoridades ambientais do Pará constataram que a prática é recorrente da mineradora.
A multinacional instalou dutos clandestinos que despejam corriqueiramente os rejeitos nos rios da região.
Apesar do crime ambiental, a empresa continua operando parcialmente com autorização do estado e isenções que chegam a R$ 400 milhões por ano.