O padre Julio Lancelotti, da paróquia de São Miguel Arcanjo, em São Paulo, recebeu uma ameaça por meio de um bilhete anônimo deixado na porta de sua igreja.
O bilhete, publicado por Lancelotti em suas redes sociais, diz: “Padreco de merda. Pensa que aki (sic) é partido político. Defensor dos direitos dos bandidos. Petista vagabundo. Usa o povo pra te favorecer Seu dia de reinado aki (sic) vai acabar. Pode esperar. FDP”.
Padre Júlio afirmou que entrou em contato com o secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, para informar sobre o caso.
Segundo Lancellotti, câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito deixa o bilhete no final da tarde de sábado. Ele diz que não conseguiu identificar a pessoa, mas as imagens serão entregues à polícia.
Parlamentares prestaram solidariedade ao padre. “Toda minha solidariedade e apoio ao Padre Julio Lancellotti, alvo de covarde ameaça em sua própria paróquia. O ódio contra quem faz o bem é demonstrativo da maldade que saiu dos esgotos nesses últimos tempos”, afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).
Mas não adianta! Não intimidarão quem luta por justiça social! Siga firme, querido Padre Julio, e conte conosco e com nosso mandato.
Conhecido por sua atuação na pastoral do povo de rua, Julio Lancelotti promove trabalhos sociais desde a década de 1980, em São Paulo. Ele também é ferrenho opositor a políticas públicas que afugentam pessoas em situação de rua.
Há alguns anos, ele deu marretadas e desferia golpes em pedras colocadas sob viadutos na cidade de São Paulo. Agora, uma lei aprovada no Congresso Nacional leva seu nome. Essa legislação, conhecida como “Lei Lancelotti”, proíbe a utilização da chamada “arquitetura hostil” – aquelas estruturas que visam salvar moradores de rua, incluindo as próprias pedras dispostas sob os viadutos.
Recentemente, a atenção voltou se voltou para Lancelotti, dessa vez devido à sua celebração pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão exige que o governo federal elabore, no prazo de até 120 dias, um plano para a implementação da Política Nacional para a População em Situação de Rua.
Esta não é a primeira vez que o padre é ameaçado. Em 2018, entidades de diretos humanos entraram com uma representação no Ministério Público após o coordenador da pastoral receber ameaças de morte.