O ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), anunciou sua decisão de se filiar ao PDT para se candidatar ao governo do Estado no ano que vem. O acerto foi feito entre ele e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que foi assessor de Paes na prefeitura do Rio quando deixou o Ministério do Trabalho. O candidato derrotado à prefeitura do Rio, Pedro Paulo, braço direito de Paes, não deverá acompanhá-lo em sua nova filiação.
Os dois estão entre os alvos de investigações autorizados pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo dados do inquérito, Paes teria recebido cerca de R$ 15 milhões em propina da Odebrecht. As investigações foram baseadas em depoimentos de três executivos da construtora: Leandro Andrade Azevedo, Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Luiz Eduardo da Rocha Soares.
Benedicto Barbosa, o principal operador do Departamento de Propinas da Odebrecht, disse que o prefeito, apelidado de “Nervosinho” nas planilhas, recebeu mais de R$ 15 milhões ante seu interesse na facilitação de contratos relativos às Olimpíadas de 2016. Da transação, realizada em 2012, R$ 11 milhões foram repassados no Brasil e outros R$ 5 milhões, por meio de contas no exterior. Barbosa disse que nunca negociou a propina diretamente com Paes.
O nome de Paes, além disso, consta de planilha aprendida pela Polícia Federal no escritório de Benedicto Barbosa no Rio de Janeiro, em março de 2016, com repasses da Odebrecht para políticos. Nessa planilha, ao lado do seu nome, está a quantia de R$ 5 milhões (cf. Auto de Apreensão de Documentos n° 193/2016, item nº 31).
Em outra planilha, apreendida na casa do executivo da Odebrecht, aparece o codinome “Nervosinho”, ao lado do nome de Paes. Esta é a mesma planilha onde consta o nome de Eduardo Cunha, com o codinome “Carangueijo” (sic), e Jorge Picciani, com o codinome “Grego”.
O ex-secretário de Obras da administração de Paes, Alexandre Pinto, também foi denunciado. Ele e outros dez investigados foram presos no dia 3 de agosto, durante a Operação Rio 40 Graus, um dos desdobramentos da Lava Jato. A denúncia do MPF transformou-se em ação, aceita pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, por participação no esquema que teria desviado R$ 36 milhões em obras da TransCarioca e da recuperação da Bacia de Jacarepaguá.
No início de outubro, Eduardo Paes foi lançado candidato ao governo pelo presidente da Alerj, o peemedebista Jorge Picciani, antes deste ser preso por participação no esquema de propinas montado junto à máfia dos transportes da cidade. “Paes será o nosso candidato a governador no ano que vem”, informou, à época, Picciani. Atualmente atrás das grades, Picciani disse, na ocasião que, até o final de fevereiro, ele [Paes] se desliga da empresa chinesa onde trabalha como consultor e, em março, já estará à disposição.
Em nota, Paes diz que a atividade política não tem feito parte de suas funções no momento. Ele está voltando ao Brasil depois de um ano vivendo em Washington trabalhando no Banco Interamericano de Desenvolvimento. Hoje, ele trabalha como executivo de uma empresa multinacional chinesa chamada BYD MOTORS e volta ao Rio para abrir o escritório da empresa na América Latina. Disse ainda que reafirma sua admiração e respeito não só ao ministro Lupi como ao PDT.