
Presidente da Câmara dos Deputados condenou ação conspiratória de Eduardo Bolsonaro e reafirmou que dificilmente os deputados votarão a proposta de anistia para os golpistas
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), condenou a postura do filho de Bolsonaro, o “03”, que abandonou o seu mandato de deputado federal para se instalar nos Estados Unidos e passar a conspirar abertamente contra os interesses nacionais.
“O país não pode sofrer por atitudes de um deputado no exterior”, afirmou o parlamentar em relação a Eduardo Bolsonaro.
Motta, embora considere que o “03” tem legitimidade para defender o pai, acrescentou que o filho de Bolsonaro está agindo contra o país e tendo atitudes que prejudicam a economia brasileira.
“Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando, às vezes, por medidas que prejudiquem o seu país de origem e que tragam danos à economia do país. Isso não pode ser admitido”, afirmou o parlamentar em alusão às ações conspiratórias de Eduardo Bolsonaro.
O parlamentar criticou, ainda, as articulações de Eduardo junto ao governo de Donald Trump para promover sanções contra autoridades brasileiras, com foco no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outros integrantes da corte, em razão da ação penal que está sendo julgada contra aqueles que tentaram um golpe de Estado no país, estando à frente Jair Bolsonaro.
As ameaças e chantagens difundidas em larga escala pelo “03” estão em total sintonia com o discurso e as medidas de Trump contra a economia brasileira e com o nefasto enquadramento de Moraes na Lei Magnitsky – aquela que busca sancionar estrangeiros que, segundo a Casa Branca, não se alinham com os interesses norte-americanos.
No caso, o interesse das megacorporações digitais que financiaram a campanha de Trump de continuarem atuando no Brasil sem nenhuma regulação e, na carona desse objetivo maior, o desejo de livrarem a pele de Bolsonaro de uma quase certa condenação com cadeia.
Motta argumentou, também, que o “03” não está agindo como deputado federal.
Disse ele:
“Eduardo Bolsonaro poderia até estar defendendo algo que ele acredita, defendendo a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas nunca atentando contra o país. Nem os seus eleitores, nem os seus apoiadores concordam, ninguém pode concordar em ter o seu país sendo prejudicado pela atitude de um parlamentar. Isso não me parece ser condizente com a postura de um deputado federal.”
Apesar do tom comedido, Motta garantiu que Eduardo Bolsonaro terá tratamento igualitário quando a sua situação for discutida na Câmara dos Deputados, “sem privilégios ou prejuízos, dentro do regimento da Casa”.
“Com relação às questões inerentes ao seu mandato, nós iremos tratar o deputado Eduardo Bolsonaro como trataremos todo e qualquer parlamentar. Para essa presidência, não existe um parlamentar que é mais deputado do que outro. Dentro daquilo que rege o nosso Conselho de Ética, é como trataremos o deputado Eduardo Bolsonaro, sem ter a ele dado nenhum privilégio e também nenhum prejuízo pelo fato de ele estar aí tendo esse comportamento”, sentenciou, em entrevista à revista Veja.
Na mesma entrevista, questionado sobre sua posição quanto ao projeto que anistia os golpistas do 8 de janeiro e outros que se enveredaram pelo caminho do golpe antes mesmo dessa data fatídica, Motta desconversou e apontou que dificilmente a matéria será votada pelo Parlamento.
“O que eu sinto aqui dentro do ambiente que converso, com o contato que tenho com os parlamentares é que há uma certa dificuldade com anistia ampla, geral e irrestrita”, afirmou.