Lideranças do Fatah e do Hamas estarão reunidas na próxima terça-feira no Cairo, Egito, para prosseguir as conversações sobre o atual processo de unidade em defesa da independência da Palestina, contra a anexação colonial a que vem sendo submetida por Israel.
Convidados pelo diretor da inteligência egípcia, Khaled Fawzy, os dirigentes palestinos vão ativar o acordo de reconciliação acertado em 2015. Conforme o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, é hora de “virar a página da disputa” de quase uma década com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), liderada pelo Fatah.
O chefe da inteligência egípcia visitou Gaza e Ramala nesta semana, quando se reuniu com Haniyeh, o presidente e o primeiro ministro da ANP, Mahmoud Abbas e Rami Hamdallah.
Na oportunidade, Fawzy reiterou o compromisso do Egito de apoiar todo e qualquer esforço encaminhado rumo à unificação do povo palestino, agradecendo a resposta positiva dos dois partidos palestinos em relação à reconciliação.
Na véspera, Rami Hamdallah coordenou a reunião do Gabinete, como primeiro passo prático da unidade política a que aspira o povo palestino.
No dia 17 de setembro, o Hamas aceitou dissolver o comitê administrativo que dirigia Gaza e realizar eleições gerais, permitindo que o governo de reconciliação nacional atue no sitiado enclave costeiro.
Está previsto, uma vez fechado o acordo, encontro de todas as correntes políticas e da resistência palestina.
A iniciativa foi saudada pela FEPAL em carta denominada “Bem-vinda a Unidade Palestina”:
Nós, a Comunidade Palestina no Brasil, recebemos com muita alegria e, ao mesmo tempo, grande alívio, as notícias que nos vêm de nossa terra natal, de UNIDADE entre as principais forças políticas e de nossa resistência, Al Fatah e Hamas, bem como de todo nosso povo, dando fim à injustificável divisão do território e das administrações, que durou 10 anos e tantos prejuízos provocou à nação palestina e tanto beneficiou a ocupação.
A unidade sempre foi reclamada pela diáspora palestina como um bem inalienável, sem o qual não seriam alcançados os objetivos nacionais, civis e humanitários do povo palestino, razão pela qual doía à comunidade palestino-brasileira a divisão e suas inafastáveis consequências.
A diáspora, dentre elas a residente no Brasil, sofria com a divisão tanto quanto nossos irmãos que vivem sob a ocupação, sob as demolições, sob a mais atroz limpeza étnica. Sabíamos – e por isso sofríamos – que a divisão nos levaria à derrota e ao desastre.
A divisão na Palestina acarretou, em muitas comunidades palestinas mundo afora, e na brasileira especialmente, um sentimento de impotência frente aos desafios postos pela ocupação, bem como prejuízos à condução do enfrentamento com o sionismo e seus aliados nos países que abrigam nossa multitudinária diáspora. Não raro, inclusive, influenciou negativamente, ocasionando divisões inexplicáveis na diáspora, daninhas a estas comunidades, prejudicando suas vidas comunitárias, suas organizações e suas ações políticas.
Por esta razão também sempre foi desejo da esmagadora maioria destas comunidades, a brasileira dentre estas, que a unidade fosse restabelecida e, com ela, retomado o caminho da resistência orientada contra o inimigo comum, a ocupação da Palestina.
Somente a unidade dos palestinos, seja na Palestina ocupada, ou nos campos de refugiados, ou na diáspora, será capaz de nos conduzir à realização de nosso sonho nacional, o de uma Palestina livre, soberana, democrática, próspera e justa, vivendo em paz e segurança com todos os seus vizinhos e em harmonia com uma Comunidade Internacional que amplamente a reconhece como Estado, o Brasil aí incluído.
Que o exemplo que nos vem da Palestina leve à unidade, também, de todas as nossas comunidades, cujo labor é indispensável na construção da libertação da pátria mãe.
Brasil, 03 de outubro de 2017
Elayyan Taher Aladdin
Presidente