O ex-ministro Antonio Palocci afirmou em colaboração premiada que bancos, como Bradesco, Safra, BTG Pactual e Itaú Unibanco, repassaram ao PT R$ 50 milhões em troca de favores. O acordo de colaboração premiada foi fechado entre Palocci e a Polícia Federal.
Segundo Palocci, as instituições tinham interesse em informações privilegiadas acerca da variação da taxa básica de juros, a Selic, e em apoio do governo aos interesses dos bancos e seus acionistas.
Palocci informou à PF que a sede do Banco Central na Avenida Paulista, em São Paulo, acabava servindo como centro de distribuição de informações acerca da variação da Selic e que uma das instituições mais interessadas era o Bradesco.
Além do relato de que as doações eram “vantagens indevidas de modo indissimulado”, o ex-ministro entregou à PF documentos que corroboram com sua exposição.
Entre eles está uma operação em que o BNDES salvou o Banco Safra. Durante a crise da Aracruz Celulose, em meados de 2008, o BNDES fez uma injeção atípica de R$ 2,4 bilhões para permitir com que a empresa fosse comprada pela Votorantim. O Safra, que tinha participação na Aracruz, vendeu sua fatia por R$ 2,7 bilhões.
Em contrapartida, a Votorantim e o Safra fizeram doações eleitorais para o PT em 2010 e 2014. De acordo com a prestação de contas, as empresas repassaram cerca de R$ 7 milhões entre as duas campanhas.
Palocci afirmou também que o Itaú e a Unibanco, antes separados, fizeram doações de R$ 4 milhões para a campanha de Dilma de 2014 como recompensa pela atuação do governo na aprovação da fusão, que foi aprovada pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) entre 2009 e 2010.
O Bradesco, informou o ex-ministro, tinha muito interesse em firmar acordos com o governo acerca da Vale, da qual era um dos maiores acionistas. Mais especificamente, o Bradesco, junto do governo, agia nos fundos de pensões e tinha maioria do Conselho Administrativo da Vale. Entre 2002 e 2014, o banco doou R$ 27 milhões.
O BTG Pactual, também interessado na variação da Selic, doou R$ 11 milhões ao PT em duas campanhas eleitorais.
Palocci foi homem de confiança de Lula e seu ministro da Fazenda. Por indicação de Lula, foi ministro da Casa Civil de Dilma.
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