
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro Antônio Palocci afirmou que foi procurado pelo ex-presidente Lula para assumir o pagamento das reformas do sítio em Atibaia (SP). Segundo Palocci, Lula o chamou ao instituto e lhe indagou se poderia assumir o pagamento das reformas feitas no sítio de Atibaia/SP.
As declarações foram feitas em 17 de abril de 2018 no Termo de Colaboração 10 de Antônio Palocci.
Segue o relato do ex-ministro à PF:
“… em 2016, LULA chamou o COLABORADOR [Palocci] ao INSTITUTO LULA e lhe indagou se poderia assumir o pagamento das reformas feitas no sítio de Atibaia/SP;
“… o COLABORADOR negou por dois motivos: primeiro, achava que a polícia viria a descobrir; segundo, pelo fato de que não existiram grandes saques em espécie pela PROJETO, não tendo como o COLABORADOR justificar os pagamentos das reformas;
“… o COLABORADOR, então, negou, tendo LULA orientado que procurasse na sequência PAULO OKAMOTO;
“… PAULO OKAMOTO insistiu, no mesmo dia, ainda no INSTITUTO LULA;
“… o COLABORADOR continuou a negar a assumir o pagamento das reformas;
“… PAULO, então, solicita ao COLABORADOR se poderia ele buscar um outro empresário para assumir as reformas;
“… PAULO OKAMOTO chegou a procurar representantes da OAS e ODEBRECHT e tais empresários entenderam que era melhor não assumir publicamente a responsabilidade pelas reformas, pois os valores empregados eram de caixa 2;
Palocci também disse no depoimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia antecipadamente da 24ª fase da Operação Lava Jato, na qual foi conduzido coercitivamente (quando a pessoa é levada à força para depor), em março de 2016.
Segue o relato de Palocci:
“… a respeito de investigação conduzida na 14° Vara Federal de Curitiba/PR, indagado se teve conhecimento de articulações para remoção de delegados da OPERAÇÃO LAVAJATO, após matéria veiculada no “Estadão” em novembro de 2014, respondeu que, na oportunidade, gerou-se uma crise no Governo, uma vez que LULA estava esperançoso que a publicação da matéria era a oportunidade perfeita para retirar os Delegados que estavam à frente da operação;
“… o COLABORADOR estava com LULA no INSTITUTO LULA na oportunidade e presenciou o ex-presidente cobrando isso da então Presidente DILMA ROUSSEFF;
“… LULA estava irritado com JOSÉ EDUARDO CARDOZO, pois dava a impressão de que não estava ajudando a remover os delegados;
“… LULA se irritou ainda mais com a manifestação de LEANDRO DAIELLO, então Diretor-Geral da POLÍCIA FEDERAL, após a publicação da matéria, que estaria defendendo os delegados citados;
“… LULA brigou com DILMA sobre manifestação de DAIELLO, pois, em sua visão, era o momento ideal para a transferência dos delegados;
“… LULA atribuía a passividade mais a CARDOZO do que a DILMA;
“… pode citar que conversava com MARCELO ODEBRECHT sobre a OPERAÇÃO LAVAJATO e alternativas para bloquear o sucessão da operação;
“… em uma oportunidade conversaram sobre iniciativas para impedir que dados da Suíça sobre a ODEBRECHT chegassem formalmente ao Brasil;
“… o COLABORADOR passou algumas dessas questões a JOSÉ EDUARDO CARDOZO por intermédio de GILLES DE AZEVEDO [secretário de Dilma];
“… se reuniu com MARCELO ODEBRECHT e ALEXANDRINO cerca de uma semana antes de sua prisão;
“… MARCELO mostrou documentos ao COLABORADOR sobre possibilidade para barrar o recebimento dos documentos;
“… MARCELO pediu ao COLABORADOR que marcasse encontro sobre o tema com DILMA;
“… o COLABORADOR efetivamente avisou GILES DE AZEVEDO, o qual disse que daria um jeito de resolver o assunto;
“… dias depois, MARCELO ODEBRECHT liga par BRANISLAV [Kontic, segundo de Palocci] e informa que havia ocorrido a reunião e que tinha sido ótima;
“… dias após MARCELO é preso“.
Lula acaba de ser condenado a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia. A sentença foi proferida na terça-feira (5) pela juíza federal Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava Jato.
Leia aqui a íntegra do depoimento