Ao final de uma marcha pacífica em meio a uma greve de alerta sobre o estado de caos, miséria e insegurança na cidade de Colón – um estratégico ponto portuário e comercial do Panamá-, estouraram distúrbios nas ruas e enfrentamentos com a polícia, na terça-feira, 13. A jornada deixou um saldo de 39 pessoas detidas e cinco feridas.
Convocada pelo movimento social e sindical Frente Ampla Colonense (FAC), a marcha começou cedo na manhã de terça e terminou ao meio-dia. Transcorreu em calma a manifestação que exigia mais oportunidades de trabalho, investimentos e a conclusão das obras da renovação do Centro Antigo de Colón o mais rápido possível, pois as obras se arrastam há meses. O atraso afeta a atividade comercial e a saúde dos residentes da segunda cidade do país onde fica o porto de entrada ao Canal de Panamá pelo oceano Atlântico.
No entanto, já com a marcha concluída, grupos de encapuzados se enfrentaram com a polícia lançando pedras e objetos contundentes, teve, como resposta, a rápida intervenção dos agentes de segurança, que empregaram até armas de fogo. Segundo os organizadores da manifestação esses grupos eram provocadores que estavam a serviço de setores dentro do próprio governo que tentam desmobilizar a população, fabricando pretextos baixar a repressão.
Por várias horas se produziram saques a comércios e enfrentamentos em distintas ruas da cidade castigada pela pobreza e violência, apesar de ser a entrada do Canal de Panamá pelo Caribe e de abrigar uma das zonas francas mais importantes do mundo.
Edgardo Voitier, um dos dirigentes da FAC, anunciou que a greve se estenderia até a quinta-feira porque o presidente Juan Carlos Varela “não chamou” para dialogar sobre a situação em Colón, e os trabalhadores da região não vão se intimidar diante dos provocadores e a repressão.
O plano que o governo de Varela mantém quase parado inclui a construção de 5.000 apartamentos, quadras esportivas, parques, melhora da rede de esgoto, cabeamento e fiação subterrânea, calçadas, escolas e a reconstrução de prédios históricos.
Na quarta-feira o transporte público parou e os comércios não abriram suas portas, embora a atividade na zona livre e nos grandes portos da província, entre eles o de entrada ao Canal de Panamá pelo atlântico, foi normal.