Os líderes de partidos na Câmara dos Deputados advertiram que o país passa pela “maior crise sanitária da nossa história” impulsionada pelo governo Bolsonaro.
“O famoso governo do ‘E daí?'”, resumiu o líder do PSB, deputado Alessandro Molon, no Ciclo Diálogos, Vida e Democracia, mesa de debates organizada pelo Observatório da Democracia, que se reuniu na tarde da sexta-feira (22).
O evento, por videoconferência, analisou as iniciativas do legislativo no combate à pandemia do novo coronavírus e o embate parlamentar em torno do enfrentamento da crise política e econômica em que a gestão desagregadora de Jair Bolsonaro mergulhou o Brasil.
Com o tema Congresso, Momento e Opções Políticas, a mesa virtual contou com a participação dos deputados Alessandro Molon (RJ), líder do PSB; Enio Verri (PR), líder do PT; Wolney Queiroz (PE), líder do PDT; Fernanda Melchionna (RS), líder do Psol; e Joenia Wapichana (RR), líder da Rede Sustentabilidade.
“O parlamento brasileiro tem sido protagonista desse momento de muita dor que estamos enfrentando”, destacou a líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), que coordenou o debate.
Ao avaliar os efeitos do avanço da Covid-19 pelo país, a parlamentar destacou que partiram do Congresso Nacional as iniciativas para a construção de alternativas para enfrentar a grave crise social e as repercussões econômicas provocadas pela pandemia.
Segundo a deputada, apesar do legislativo ter propiciado ao governo todos os instrumentos de atuação efetiva para conter o avanço da doença, “as providências só têm ocorrido a partir de muita pressão da sociedade”. “Nós precisamos avançar e aprofundar esse debate, porque nesse cenário o Congresso Nacional adquire um grande protagonismo nas soluções, em meio a esse vácuo de poder que está sendo deixado pelo executivo”, afirmou Perpétua.
O deputado Alessandro Molon alertou que o país avança, a passos largos, para uma crise humanitária sem precedentes. O parlamentar destacou que de cada quatro mortes por Covid-19 registradas no mundo, uma delas ocorreu no Brasil. “Estamos passando por um momento crítico, vivenciando a maior crise sanitária da nossa história e tendo que enfrentar essa situação com um governo ineficiente. Bolsonaro não tem planos para o Brasil, só tem planos para sua reeleição. É o famoso governo do ‘E daí?'”, denunciou.
A líder do Psol, Fernanda Melchionna, destacou que as desigualdades sociais se aprofundaram com a pandemia, enquanto o chefe da nação se ocupa em liderar os segmentos mais atrasados da sociedade numa marcha contra a ciência, que prega a opção pela morte, em vez de enfrentar o avanço da doença. Ela defendeu o impeachment do presidente, assinalando que “derrotar Bolsonaro é, hoje, uma medida sanitária” indispensável para salvar o país.
“O estímulo à violência é um traço da ação política de Bolsonaro. Esse estímulo à violência é precursor da ditadura que pretende implantar, mas temos a responsabilidade de manter as conquistas democráticas que foram obtidas a duras penas”, afirmou o deputado Wolney Queiroz.
A líder da Rede, Joenia Wapichana, criticou a nota divulgada na sexta pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, na qual o ministro ameaça o país e, em particular, o Supremo Tribunal Federal, com medidas extremas, caso o celular de Jair Bolsonaro seja apreendido para perícia. “isso é muito grave, pois ele extrapola os limites do poder e indica uma ameaça de golpe”, disse.
A deputada reforçou a proposta apresentada pela líder do PCdoB, à Mesa da Câmara, para que o general Heleno seja convocado para prestar explicações. Ela avaliou que a sociedade brasileira precisa se unir, para “não deixar que o vírus que se chama Bolsonaro contamine o país” com seu autoritarismo.
Para o deputado Enio Verri, o Congresso tem atuado para enfrentar as crises sanitária, econômica e social, aprovando medidas emergenciais que encontram dificuldades para chegar na ponta, dando respostas efetivas às necessidades dos cidadãos, devido à ineficiência do governo. “São inúmeras as dificuldades colocadas por autoridades insensíveis, que infelizmente não têm o mesmo tipo de postura em relação aos bancos. Para estes, as facilidades são enormes”, disse.
O Observatório da Democracia é uma iniciativa concretizada pela união das fundações partidárias, como a Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), ligada ao PDT, Lauro Campos (Psol), João Mangabeira (PSB), Maurício Grabois (PCdoB), Ordem Social (Pros), Astrojildo Pereira (Cidadania) e Perseu Abramo (PT).
Entre seus objetivos, está “a manutenção da soberania e da democracia no país”. “Para isso, é absolutamente necessário monitorar o governo atual e posicionar-se em relação a ele, a partir da produção de informações consistentes e verdadeiras”, diz nota no site da instituição.
WALTER FÉLIX