“A injustiça é a raiz perversa da pobreza”, afirmou o papa Francisco, durante a celebração eucarística do último domingo, quando alertou que “o grito dos pobres torna-se mais forte a cada dia, e a cada dia é menos ouvido, porque abafado pelo barulho de poucos ricos, que são sempre menos e sempre mais ricos”.
Na celebração em que recordou o Dia Mundial dos Pobres, o papa condenou a concentração de renda como responsável pela miséria que aflige a centenas de milhões de pessoas e exortou à solidariedade às crianças, jovens, idosos, refugiados e populações atingidas por guerra e pela exclusão.
“Diante da dignidade humana espezinhada, muitas vezes fica-se de braços cruzados ou então de braços abertos, impotentes diante da força obscura do mal. Mas o cristão não pode ficar de braços cruzados, indiferente, nem de braços abertos, fatalista”, declarou o sumo pontífice, acompanhado na homilia realizada no Vaticano por seis mil pobres. Conforme Francisco, “não somos chamados a fazer o bem só a quem nos ama. Retribuir é normal, mas Jesus pede para ir mais longe dar a quem não tem para restituir, isto significa, amar gratuitamente”.
“O grito dos pobres: é o grito estrangulado de bebês que não podem vir à luz, de crianças que passam fome, de adolescentes acostumados ao estrondo das bombas ao invés da algazarra alegre das brincadeiras. É o grito de idosos descartados e deixados sozinhos. É o grito de quem se encontra a enfrentar as tempestades da vida sem uma presença amiga. É o grito daqueles que têm de fugir, deixando a casa e a terra sem a certeza dum refúgio. É o grito de populações inteiras, privadas inclusive dos enormes recursos naturais de que dispõem. É o grito dos inúmeros Lázaros que choram, enquanto poucos epulões [Sacerdote que, na antiga Roma dirigia os festins dos sacrifícios] se banqueteiam com aquilo que, por justiça, é para todos”, sentenciou.
Após a homilia, o papa Francisco almoçou com centenas de pessoas carentes que participaram da celebração do Dia Mundial dos Pobres – instituído por ele, em 2016, com a Carta Apostólica “Misericordia et misera”.