O governo do Sri Lanka afirma em comunicado que os atentados de domingo, contra os cristãos que participavam da celebração da Páscoa, com mais de 280 mortos, devem ser atribuídos a uma “rede terrorista internacional”.
Por outro lado, a organização terrorista Daesh, que se autodenominou Estado Islâmico, assim como já fez em diversos atentados em diversos países, assumiu, em comunicados transmitidos por redes sociais, a autoria de mais esta chacina. O Daesh que está sendo defenestrado de suas últimas posições na Síria, foi responsável por perseguições a não islâmicos, destruição de igrejas e ruínas de construções milenares, a exemplo das relíquias romanas da cidade de Palmira.
As primeiras informações do governo do Sri Lanka são de que já foram presos 24 suspeitos e que os terrroristas, em rede internacional, teriam tido apoio local da organização Thowheeth Jama’ath.
Logo após o desastre – provocado por 8 explosões detonadas em 4 hotéis, 3 igrejas católicas e uma área residencial – lideranças de diversos governos se manifestaram em solidariedade aos cristãos atingidos pelo crime que, além das mortes, deixou 450 pessoas feridas.
“Estou perto de todas as vítimas de uma violência tão cruel”, afirmou o papa Francisco ao expressar sua solidariedade aos atingidos pelos atentados no Sri Lanka que, em pleno domingo de Páscoa, após 8 explosões, atingiram fiéis católicos deixando mais de 200 mortos.
O Sri Lanka é um país com diversidade religiosa e linguística. 7% da população professam o catolicismo, enquanto os budistas são cerca de 70%, os hinduistas 12% e os muçulmanos 11%.
O governo determinou toque de recolher e bloqueou temporariamente as redes sociais para impedir mensagens incitando mais violência, notícias falsas ou que gerem pânico. Também instou os habitantes a evitarem sair de casa até que tudo seja esclarecido.
“Soube com tristeza e dor as notícias sobre os graves ataques, que precisamente hoje, Páscoa, levou luto e dor às igrejas e outros lugares onde as pessoas estavam reunidas no Sri Lanka”, acrescentou o papa ao falar a milhares de fiéis que participam das celebrações da Páscoa na Praça de São Pedro, no Vaticano.
“Quero expressar minha afetuosa proximidade com a comunidade cristã, atingida enquanto estava reunida em oração, e a todas as vítimas dessa violência tão cruel”, afirmou.
O papa Francisco visitou o Sri Lanka em 2015, logo após a posse de um governo eleito, o que se tonou possível depois dos acordos de paz que, desde 2009, concluíram 26 anos de guerra civil. À época, o papa levou uma mensagem em favor da paz e da reconciliação no país.
Na ocasião, sentindo ainda a tensão depois de anos de guerra civil, afirmou que “o grande trabalho de reconstrução […] deve promover a dignidade humana, o respeito aos direitos humanos e a inclusão total de cada membro da sociedade”.
“O processo de cura também necessita incluir a busca pela verdade, não para que sejam abertas velhas feridas, mas como meio necessário para promover a justiça e a unidade”, afirmou o papa, ao realizar uma missa atendida por um milhão de pessoas.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chamou os atentados de “cruéis e cínicos”.
Ele reiterou o empenho russo na luta mundial contra o terrorismo. Meu país, acrescentou, é um “parceiro confiável do Sri Lanka na luta contra o terrorismo internacional”.
“Os russos compartilham a dor dos parentes dos mortos e desejam uma recuperação rápida para todos aqueles que foram feridos”, prosseguiu.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, país que ainda se recupera de um hediondo ataque a duas mesquitas, condenou os ataques “devastadores”.
“A Nova Zelândia condena todos os atos de terrorismo, e nossa determinação só foi fortalecida pelo ataque em nosso solo. Rejeitamos todas as formas de extremismo e defendemos a liberdade de religião e o direito de adorar com segurança”, afirmou Ardern.
“Que difíceis, irritantes e tristes são estas notícias, especialmente porque os ataques aconteceram enquanto os cristãos comemoravam a Páscoa”, lamentou o assessor de líderes da Igreja na Terra Santa, Wadie Abunassar.
“Os russos compartilham a dor dos parentes dos mortos e desejam uma recuperação rápida para todos aqueles que foram feridos”, prosseguiu.
O primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, convocou uma reunião do conselho de segurança nacional em sua casa para o final do dia. “Eu condeno veementemente os ataques covardes contra nosso povo hoje. Eu chamo a todos, neste tempo trágico, a permanecerem unidos e fortes. Por favor evitem propagar informações não verificadas e especulações”, afirmou.
Em mensagem ao país, o presidente do Sri Lanka, Maithripala Sirisena, alertou: “Por favor, fiquem calmos e não sejam enganados por rumores”. Ele declarou-se “em choque e triste com o que ocorreu”, e acrescentou que “as investigações estão em curso para descobrir que tipo de conspiração está por trás destes atos cruéis”.
Já o ministro das Finanças do país, Mangala Samaraweera, disse que os ataques são uma tentativa de empurrar o Sri Lanka mais uma vez para uma situação de violência, tal como ocorreu na longa guerra civil. Segundo ele, as explosões foram “uma tentativa diabólica de criar tensões religiosas e raciais no país novamente, justo quando estamos nos recuperando de uma longa guerra que destruiu o tecido da nossa nação por quase 30 anos”.
O arcebispo da capital, Colombo, cardeal Malcolm Ranjith, pediu que os autores dos ataques sejam punidos “impiedosamente”. Ele disse que “apenas os animais podem se comportar assim” e ainda fez um apelo para que o governo lance uma “investigação muito imparcial e forte”.