
Há três meses fora do país, o fujão está sendo aguardado para explicar, entre outras coisas, a tentativa de introduzir clandestinamente e afanar joias no valor de R$ 16,5 milhões
O “papa-joia”, como ficou conhecido o ex-presidente Jair Bolsonaro, depois das escândalo do roubo das joias da Arábia Saudita, embarcou na noite de quarta-feira (29) no aeroporto de Orlando, nos Estados Unidos, em viagem de volta ao Brasil depois de passar três meses foragido. Com uma mochila na mão, ele entrou no avião com o nome de Harry Potter gravado, em direção ao Aeroporto Internacional de Brasília.
Antes mesmo de chegar ao Brasil, ele já foi intimado a comparecer no próximo dia 5 de abril na Polícia Federal. Ele vai ter que prestar depoimento, na próxima semana, sobre o caso das joias que recebeu de “presente” da Arábia Saudita e escondeu da Receita Federal, além da tentativa criminosa de liberar para si próprio – e sem pagar imposto – o produto apreendido na alfândega.
No valor de R$ 16,5 milhões, as joias foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos quando um funcionário de seu governo tentava entrar com a caixa de joias escondida no fundo de uma mochila. Flagrado tentando entrar clandestinamente com as joias árabes, o governo fez várias tentativas de intimidar os fiscais para liberá-las ilegalmente.

No dia 29 de dezembro, dois dias antes de se picar para os EUA, Bolsonaro, enviou um funcionário do Planalto para uma última tentativa de surrupiar as joias milionárias que tinham sido retidas pela Receita Federal ao tentar entrar clandestinamente no Brasil. Neste dia, ainda como presidente, ele pediu um avião da FAB e mandou um sargento até Guarulhos para uma última tentativa de intimidar o funcionário responsável e, em seu nome, retirar as joias antes de abandonar o país. Agora vai ter que explicar toda essa movimentação para a polícia.
Abordado em Orlando, ele disse que não sabe “por que esse escândalo todo”. E afirmou que se tivesse pegado as joias escondido, “ninguém teria conhecimento”. É verdade, se os fiscais da Receita não revistassem a mochila do seu funcionário com as joias escondidas e as encontrassem, ninguém ia ficar sabendo. Aliás, outras joias conseguiram entrar na moita, mas em boa hora a PF e o TCU já conseguiram resgatá-las e devolvê-las ao Poder Público.
Depois de tentar oito vezes se apoderar das joias milionárias apreendidas, Bolsonaro teve a cara de pau de dizer que “ninguém quis buscar na mão grande.” Se isso o que ele fez, ou seja, esconder joias no fundo de mochilas para entrar clandestinamente no país, sem pagar impostos, e, ao ser pego no crime, tentar oito vezes atropelar os fiscais para liberar as relíquias apreendidas, não é “buscar na mão grande”, deve ser na mão invisível.
Bolsonaro não responderá só pela tentativa de furto das joias. Vai responder também por vários incitamentos a um golpe de Estado, que resultaram nos ataques terroristas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Ele vai responder, ainda, por reunir embaixadores na sede do Palácio para atacar com mentiras as instituições e o sistema eleitoral brasileiro, com vistas a preparação de um clima para um golpe.