“O tema da migração nunca se resolverá levantando barreiras, fomentando o medo aos demais ou negando ajuda a quem aspira legitimamente a uma vida melhor para si e suas famílias”, afirmou o papa Francisco neste sábado em visita ao Marrocos, frisando a necessidade de que os governos enfrentem o problema, que é uma “ferida grande e dolorosa”.
“Também sabemos que a consolidação da paz verdadeira vem através da busca da justiça social, que é indispensável para corrigir os desequilíbrios econômicos e a instabilidade política que sempre tiveram um papel importante na geração de conflitos e na ameaça a toda a humanidade”, frisou.
Conforme o sumo pontífice, “este compromisso comum é necessário para não conceder novos espaços aos ‘mercadores de carne humana’, que especulam com os sonhos e as necessidades dos migrantes”.
Diante da gravidade do problema, sublinhou Francisco, “não queremos que nossa palavra seja a indiferença e o silêncio”.
“Ainda mais quando se constata que são muitos milhões de refugiados e os demais migrantes forçados que pedem a proteção internacional, sem contar as vítimas do tráfico e das novas formas de escravidão nas mãos de organizações criminosas. Ninguém pode ser indiferente a esta dor”, enfatizou.
Marrocos se converteu em ponto de saída chave para os migrantes africanos que tentam chegar à Europa depois da violenta repressão que impediu ou limitou as rotas por outros lugares.
Nos últimos meses, a questão da migração voltou novamente a estar à frente dos debates políticos em vários países do norte da África e da Europa, além obviamente dos Estados Unidos onde Trump se empenha em construir um imenso muro na fronteira com o México. “Quem levanta um muro termina prisioneiro do muro que levantou. Isso é lei universal. Dá-se na ordem social e na ordem pessoal. As alternativas são as pontes, construir pontes”, reiterou o Papa, em entrevista no domingo.
Para o chefe do Vaticano, “a mãe Europa se tornou avó demais, envelheceu de repente”. “Para mim, o maior problema da Europa é que se esqueceu de quando, depois da guerra, seus filhos iam bater nas portas da América”, lembrou.