O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Paulo Rabello de Castro, declarou na quarta-feira (4) que a devolução de mais R$ 180 bilhões do BNDES exigida pelo Tesouro Nacional “materialmente muito improvável”.
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda de Temer, quer a antecipação dos valores concedidos em empréstimos para pagar juros aos bancos em detrimento da produção e geração de empregos, através do banco de fomento.
O banco já se comprometeu a pagar R$ 33 bilhões do total exigido por Meirelles. Outros R$ 17 bilhões poderiam entrar no caixa até o fim do ano, restando R$ 130 bilhões a serem ressarcidos em 2018.
“Uma devolução para o ano de 2018 é materialmente muito improvável. Este recurso não vai estar lá e ponto”, declarou Rabello, em seminário na Câmara Árabe-Brasileira, acrescentando que isso só ocorreria se o banco “raspasse o fundo do tacho”.
O BNDES já devolveu cerca de R$ 100 bilhões em dezembro do ano passado, que foi usado para pagar dívida com bancos. A dívida atual do BNDES com o Tesouro é estimada em cerca de R$ 450 bilhões.
No mesmo dia, mais cedo, Meirelles declarou que está “rigorosamente analisando quais são as necessidades do BNDES de fato. Mais importante: na medida em que as taxas do BNDES começam a convergir para padrões de mercado e as taxas de mercado começam a cair, como estão, nós poderemos ter o BNDES emprestando a longo prazo, mas com acesso a fundos de mercado”.
“A ÚNICA COISA QUE NÃO CAI É O JURO REAL”
No seminário, o presidente do BNDES criticou os juros do Banco Central: “a única coisa que não cai é o juro real”. “Só o juro nominal cai. A TJLP [taxa de juros de longo prazo do BNDES para o setor produtivo] se esqueceu de cair. Continua rígida nos 7%”, declarou.