O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, afirmou que “a maioria do Parlamento brasileiro apodreceu”. “Eu que já fui parlamentar me dói muito afirmar”, disse. “E isso está passando perigosamente ao povo uma lição de que são todos iguais. Não são. Quem quer que o povo pense que são todos iguais, na verdade, quer que o povo se veja como um ser incapaz de administrar o seu próprio destino”, completou, durante o lançamento da pré-candidatura do deputado federal Chico D’Angelo à reeleição, em Niteroi.
Em entrevista para a BBC Brasil, o presidenciável declarou que “nenhum liberal desses toscos mal lidos chegará perto do meu governo”. Ele disse que sob seu governo o Banco Central será orientado a obter “a menor inflação a pleno emprego”.
Ciro criticou o governo por sua política de teto dos gastos por 20 anos e defendeu revogar essa medida. “Isso vai constranger o custeio da máquina. Você não vai repor os carros da polícia? A munição da polícia? Se eventualmente a inflação ficar perto de zero, como queremos, em torno de 3%, você vai crescer só 3% as viaturas do Exército e da Polícia? Isso daqui (o teto de gastos) tem que ser revogado pura e simplesmente. Mas, como o valor é correto, nós admitimos discutir. Mas nunca por status constitucional e nunca pesando sobre educação, saúde e investimento”, enfatizou.
“Eu não aceito a tutela do autorreferido mercado, que se trata, na verdade, de meia dúzia de especuladores financeiros, sobre a democracia”, advertiu Ciro Gomes.
Questionado sobre o que pensa sobre a Lava Jato, Ciro respondeu: “Sou completamente a favor, ponto”.
O ex-governador criticou Dilma e rebateu a ideia de que o governo dela tenha sido nacional-desenvolvimentista. “Não houve isso no governo Dilma. Vamos ter clareza. No primeiro governo Dilma fez-se o quê em matéria de nacional-desenvolvimentismo? Renúncia fiscal?”, questionou.
“O que a Dilma fez foi renúncia fiscal para setores oligopolizados do capital estrangeiro. Não houve verticalização, nem política industrial de comércio exterior no Brasil em nenhum setor”, completou.
Ciro também descartou fazer um documento nos moldes da Carta ao Povo Brasileiro que Lula divulgou em 2002 para ser aceito pelos representantes do capital financeiro externo. “Em hipótese nenhuma”, reagiu Ciro. “Olha no que deu. Cadê o Lula e onde estou eu?”, diz.