Na tarde de segunda-feira, Bolsonaro, a pedido de Luiz Antônio Nabhan Garcia, demitiu o general João Carlos Jesus Corrêa da presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A demissão foi confirmada pelo porta-voz da Presidência, Rêgo Barros.
Nabhan Garcia, que pediu a demissão do general, é presidente do grupo de grileiros e latifundiários “União Democrática Ruralista”, notório por suas atividades no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, e secretário de Assuntos Fundiários do governo Bolsonaro (v. HP 01/12/2018, Bolsonaro coloca chefe da milícia da UDR para tratar da reforma agrária).
O general João Carlos Jesus Corrêa, em sua longa folha de serviços, foi comandante da 11ª Região Militar (Brasília), diretor de Controle de Efetivos e Movimentações do Exército, chefe de Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia e Comandante Militar do Nordeste.
Este é o segundo general que Bolsonaro demite a pedido de Nabhan Garcia.
O outro foi o general Franklimberg Ribeiro de Freitas, da presidência da Fundação Nacional do Índio (v. HP 12/06/2019, Bolsonaro exonera general presidente da Funai a pedido do chefe da milícia rural).
O general Franklimberg Ribeiro de Freitas foi comandante da 1ª Brigada de Infantaria da Selva, em Roraima, chefe do Centro de Operações do Comando Militar da Amazônia, comandante do Contingente Brasileiro em Moçambique e comandante da Escola de Paraquedistas do Exército.
Todos dois, portanto, têm um currículo dos mais ilustres entre os nossos militares.
Foram demitidos por um desclassificado que não conseguiu ficar no Exército além de capitão, pelo comportamento incompatível com a disciplina castrense em seus aspectos mais elementares, inclusive aqueles que dizem respeito à lealdade (v. 16/08/2018, Terrorismo de baixa potência).
Porém, pior, foram demitidos a pedido de um miliciano que defende que o combate ao trabalho escravo é uma “perseguição ideológica” aos latifundiários (HP 01/11/2018, Cotado para Agricultura de Bolsonaro quer fim da punição para trabalho escravo).
Um sujeito que teve seu indiciamento pedido pela CPI da Terra, em 2005, por apropriação ilegal de terra pública, falso testemunho e ameaça – como chefe de uma milícia que, em 2003, apareceu em um programa de TV, no Pontal do Paranapanema, com armas privativas das Forças Armadas.
É óbvio por que Nabhan Garcia pediu a demissão do general Jesus Corrêa – e, também, do general Franklimberg: porque ambos eram gente civilizada, que, independente de suas opiniões políticas, não querem o campo ou as reservas indígenas transformadas em um poço de sangue, em benefício de alguns poucos aproveitadores e parasitas.
Eram, portanto, um obstáculo para Nabhan Garcia e suas milícias rurais.
A demissão dos generais define – mais uma vez – de quem Bolsonaro é representante.
É das milícias – e não dos militares.
C.L.
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