A Central Única dos Trabalhadores divulgou, na quinta-feira (19), uma nota de repúdio à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), em aumentar a taxa básica de juros.
Segundo a entidade, a decisão é uma política que “atende apenas ao mercado”, “impede o desenvolvimento do país” e “prejudica a vida da classe trabalhadora”.
A Central lembra que o aumento de 0,25 ponto percentual, passando a Selic para 10,75%, interrompe o processo recente de queda e aponta para um novo ciclo de aumentos consecutivos da taxa de juros.
Para a CUT, aumentar a taxa básica de juros, mesmo diante de um cenário de queda da inflação e de melhoria dos indicadores macroeconômicos, “demonstra por parte do BC uma política monetária impeditiva do desenvolvimento do país, beneficiando apenas uma minoria de especuladores e rentistas, e causando imenso prejuízo aos trabalhadores e trabalhadoras que produzem, comercializam, prestam serviços e têm sua vida fortemente impactada pelas extorsivas taxas elevadas de juros”.
A entidade destaca ainda o anúncio pelos Estados Unidos, “no mesmo dia da decisão do Copom”, de corte de 0,5%, fixando a sua taxa de juros na faixa de 4,75 e 5% ao ano, e a mesma postura da Inglaterra, que na quinta-feira (19) anunciou a decisão de manter a sua taxa em 5%.
“Enquanto no Brasil a taxa de juros segue alta e retoma ciclo de elevação, em outros países de economia forte, os juros estão em patamares muito menores e seguem ritmo de redução. Realidade que confirma a política monetária de Campos Neto como uma forma de boicote do desenvolvimento do país, fazendo do Brasil o 2º país com maiores juros reais do mundo, impedindo o investimento produtivo e a geração de mais postos de trabalho”, diz a nota.
Na nota, a direção executiva da entidade, reforça “a necessidade da saída imediata de Roberto Campos Neto por seu constante boicote ao desenvolvimento do país e que a nova gestão do Banco Central inaugure um novo ciclo de política monetária com juros baixos e comprometida com o desenvolvimento do país”.
A entidade cita ainda o impacto nas contas da União, com o aumento em R$ 13 bilhões nos gastos com juros dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional (considerando Governo Federal, estado e municípios) e que esse aumento “obriga o governo a reduzir investimentos produtivos para a geração de emprego e renda e reduzir recursos para investir em saúde, educação, desenvolvimento científico, moradia e outras políticas públicas”.
E rebate a justificativa utilizada pelo Banco Central para aumentar a taxa básica de juros como medida para conter a inflação: “a taxa de inflação está em 4,24%, dentro do intervalo de tolerância estabelecido para o país em 2024. Além disso, ao aumentar a taxa de Selic, o BC gera o efeito contrário ao anunciado de conter inflação, pois impulsiona um movimento de insegurança e de especulação financeira, logo, aumenta o custo da dívida das empresas e dos cidadãos”, afirma.
“Ou seja, sob o comando de Campos Neto, ganham os especuladores e rentistas, perde o povo brasileiro com menos investimentos em políticas públicas, encarecimento de empréstimos e redução da capacidade de consumo, afetando fortemente a geração de empregos”, afirma a nota.
Na oportunidade, a Central faz um apelo para que “toda a base da CUT, todas as organizações da sociedade brasileira e poderes constituídos se manifestarem pela redução da taxa Selic, para que o Brasil possa se desenvolver, para que a União possa ter recursos para atuar nesse momento de crise climática e para que trabalhadores e trabalhadoras não sejam prejudicados”.