Disse que com urnas eletrônicas, não haverá eleição. Arroubo autoritário não passa de subterfúgio diante de uma CPI que está desnudando suas omissões e crimes na pandemia
Sem ter como explicar o fracasso de seu governo frente à pandemia de Covid-19, Jair Bolsonaro usou sua live desta quinta-feira (6) para tentar uma manobra diversionista.
Ao invés de falar sobre as denúncias da CPI da pandemia, resolveu atacar o ministro Luiz Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e fazer ameaças à eleição de 2022. Também voltou a defender o coronavírus e anunciou que vai baixar um decreto proibindo medidas sanitárias contra a Covid-19.
Em mais um de seus arroubos golpistas, Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas e, sem apresentar nenhum fato concreto contra elas, disse que, se não houver voto impresso no pleito de 2022, não haverá eleição, como se a decisão sobre as eleições fosse dele. Lançar suspeitas sobre as eleições de 2022 é pura fuga de suas responsabilidades pela tragédia pela qual passa hoje o país.
No entanto, será uma tarefa árdua para o governo tirar o foco das denúncias que estão sendo trazidas pela CPI da pandemia diante dos depoimentos que, pouco a pouco, revelam omissões e crimes do governo, como ter deixado faltar oxigênio em Manaus, torrar dinheiro público como remédios ineficazes contra a Covid e sabotar irresponsavelmente a compra de vacinas.
O ataque extemporâneo de Bolsonaro ao processo eleitoral é pura macaqueação de Trump que, ao sentir que ia ser derrotado nas urnas, também lançou suspeitas sobre o processo eleitoral americano. Não adiantou nada, foi defenestrado pelo povo dos EUA.
Num momento em que o país inteiro cobra urgência nas vacinas para dar um basta no morticínio da Covid-19 e quer explicações sobre as falhas na pandemia, o capitão cloroquina quer discutir urna eletrônica ou voto impresso. Levanta uma falsa polêmica para não dizer nada sobre as mortes, sobre o atraso na compra de vacinas, sobre a falta dos imunizantes para a segunda dose da vacinação em várias capitais do país, sobre a falta de medicações para intubação de pacientes graves ou sobre a falta de verbas para ajudar a economia cambaleante, como está sendo feito em todo o mundo.
Bolsonaro não governa, não faz nada, não se envolve na luta contra o vírus e, curiosamente, ao mesmo tempo, está fixado na ideia de permanecer a todo custo no Planalto, trazendo a discussão sobre supostas fraudes eleitorais futuras em meio à maior crise sanitária da história brasileira.
Procura mudar de assunto depois do país alcançar mais de 414 mil mortes pela Covid-17 em razão de suas omissões ou ações desastrosas. É muita falta de sensibilidade humana. Na verdade, a fraude não está na urna eletrônica ou no voto impresso. Está nele próprio que foi eleito para governar o país, para resolver os problemas do povo.
O sistema de votação do Brasil é um dos mais modernos, seguros e ágeis do mundo. Não houve nenhum caso de fraude comprovada nas últimas eleições brasileiras. O próprio Bolsonaro não apresenta nada de concreto. Ele só faz ataques ao país, às urnas eletrônicas e ao TSE. “Ele é o dono do mundo, o Barroso. Ninguém mais aceita esse voto que tá aí”, disse ele. “A única republiqueta do mundo que aceita isso daí é a nossa”, arrematou, mostrando seu desprezo pelo Brasil.
Nem uma palavra sobre os mais de 414 mil mortos, nenhuma referência ao sofrimento das famílias que perderam seu entes queridos. Nada, nenhuma empatia com o sofrimento alheio, só a ideia fixa nas disputas mesquinhas, ou seja, continua fixado em seus interesses particulares e em seus arroubos antidemocráticos. “Se o parlamento brasileiro aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Se não tiver voto impresso, não vai ter eleição”, ameaçou.
Além de lançar insinuações sobre as eleições, Bolsonaro voltou a dizer que pode editar um decreto para impedir a aplicação de restrições de circulação por governadores e prefeitos. De acordo com ele, caso o decreto seja publicado, o STF não poderá revogar. “Esse decreto, o Supremo não pode contestar.
O Supremo é defensor da Constituição. Se eu baixar o decreto, será cumprido. Todos os ministros vão cumprir. O artigo 5º da Constituição está nas cláusulas pétreas”, disse ele. Essa frase de Bolsonaro mostra bem seu desprezo pela vida ao não considerar da vida como causa pétrea da Constituição. Depois reclama quando dizem que seu governo está promovendo um genocídio.