O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que é possível criar milhões de empregos se os encargos trabalhistas forem “zerados”, diante de uma plateia de empresários no Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX 2019), realizado no Rio de Janeiro. “A produtividade melhora imediatamente”, disse Guedes, ao defender que a tributação sobre a folha de pagamentos é “o imposto mais cruel”.
Na linha de raciocínio do ministro de Bolsonaro, um arrombador contumaz de fundos de pensão, se o Brasil voltar à escravidão, as coisas vão melhorar ainda mais. Sem precisar pagar impostos e nem salários, a produtividade, segundo ele, vai explodir.
Na verdade, o que ele quer implantar no Brasil é a mesma lei da selva que ele ajudou a impor ao povo chileno na época da ditadura de Pinochet. Até relógio de ponto eles estão tirando das empresas. O alvo dos ataques são os salários e os direitos. Quanto menores, “maior a produtividade”, diz ele. Isto é, tem que arrochar todo mundo. Salários e direitos estão atrapalhando.
É claro que, se o país não parar esses vampiros e sanguessugas, o objetivo final deles é esse mesmo, escravizar o povo e reconduzir o país à condição de colônia exportadora de papagaios e pau-brasil.
Além de propor a escravização dos trabalhadores brasileiros, Paulo Guedes defendeu que a reforma da Previdência criou um “horizonte melhor”. Certamente esse “horizonte melhor”, a que Guedes se refere, é dirigido somente para seus patrões, os banqueiros e fundos especulativos que vão ganhar bilhões com as restrições às aposentadorias e o enfraquecimento da Previdência pública. Seu plano era assaltar os cofres da Previdência pública em R$ 1,2 trilhão em dez anos.
Nesta questão da Previdência, a sanha escravista do chicago-boy se torna ainda mais evidente e escandalosa. Destruir a aposentadoria é quase a mesma coisa de abolir a “lei do sexagenário”, que veio antes da abolição da escravatura. Nela, os escravos que completassem 60 anos ganhavam a liberdade. Com sua política, Guedes está à direita dos barões do café e dos usineiros do Nordeste. Agora, depois de muitas lutas, os trabalhadores conquistaram a aposentadoria aos 60 anos de idade. Guedes acabou com isso. Acabou com a aposentadoria do sexagenário.
O fato dessa política pró-escravidão – de arrocho salarial, de corte de aposentadorias e extinção de direitos-, agravar a crise econômica pelo estrangulamento do mercado interno, pela redução do consumo e, consequentemente, provocar o fechamento de empresas e das indústrias, não sensibiliza o governo. Bolsonaro e Guedes insistem na política de achatar os salários na ilusão em uma ridícula e cada vez mais remota “ajuda” de multinacionais. O resultado é que a crise só se aprofunda.
Além de trabalhadores e aposentados, Guedes decidiu atacar também o servidor público. O ministro disse no evento de empresários que o salário do funcionalismo precisa ser controlado. No lugar de controlado, leia-se achatado. Nos últimos 15 anos, segundo ele, o crescimento dos salários dos servidores foi de 50% acima da inflação. “Em vez de estar no cangote do povo brasileiro, [o funcionário público] precisa estar servindo”, declarou em favor de sua política. E, como ele não tem nenhum compromisso com a verdade e fala o que quer, concluiu sua fala dizendo que o Brasil “é o país que menos queimou floresta”.