“É imperiosa a necessidade de aprovar verbas emergenciais para a saúde”
“A política econômica atual baseia-se num liberalismo primitivo, o “laissez-faire” de Milton Friedman dos anos 1960/70, no qual o monetarismo simplório da Teoria Quantitativa da Moeda foi substituído pela tese da “austeridade fiscal expansionista”. Sustenta-se que basta retirar o Estado da economia e equilibrar as contas públicas para que a confiança dos investidores privados seja recuperada, e a economia volte a crescer. Trata-se de um duplo equívoco”, afirma o economista André Lara Resende, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em entrevista à Folha de São Paulo.
“Primeiro, porque no mundo contemporâneo, mais do que nunca, um Estado competente é condição para o crescimento. Tanto para garantir serviços públicos de qualidade, como para o bom funcionamento da economia competitiva, a ação do Estado é indispensável. Segundo, porque a tentativa de equilibrar as contas públicas, a curto prazo e a qualquer custo, asfixia o setor privado com impostos distorcidos, inviabiliza os investimentos públicos e paralisa serviços básicos. Não há recuperação possível nessas condições”, declarou mais um economista do campo neoliberal, condenado a política de Guedes.
Para Lara Resende, o Coronavírus vai provocar uma parada brusca da economia mundial. “É imperiosa a necessidade de aprovar verbas emergenciais para a saúde. Cortar, num momento como esse, ‘para compensar as perdas de receitas do petróleo’ [como foi aventado], beira o surto psicótico’, declarou.