
Veto impede resolução contra massacre de palestinos de passar apesar do voto favorável de 14 países presentes ao encontro do Conselho de Segurança da ONU
Os EUA vetaram a resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia cessar-fogo “imediato, incondicional e permanente”, visando interromper a carnificina sob mando de Netanyahu no genocídio em curso que já assassinou perto de 55 mil palestinos na Faixa de Gaza.
O veto aconteceu nesta quarta-feira (4) e foi condenado pelos representantes da Rússia e China. Vassily Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, declarou que com o veto os EUA fazem com que se perca uma oportunidade de sustar o morticínio e caminhar para a paz: “Infelizmente, mais uma vez o Conselho não conseguiu chegar a uma solução mutuamente aceitável para todos os membros e adotar uma decisão que teria salvado Gaza, e de fato toda a região do Oriente Médio, de um mergulho ainda maior no caos”.
“Perdeu-se mais uma oportunidade de demonstrar na prática a disponibilidade do Conselho de Segurança para assumir a responsabilidade pela manutenção da paz e da segurança internacionais no contexto do conflito Israel-Palestina, que já dura 80 anos”, acrescentou o embaixador russo.
O Conselho de Segurança da ONU está formado por cinco membros permanentes com poder de veto (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) e dez membros rotativos (Argélia, Grécia, Dinamarca, Guiana, Paquistão, Coreia do Sul, Panamá, Serra Leoa, Somália e Eslovênia) e a resolução foi descartada mesmo com o apoio de 14 países, com o poder de veto norte-americano.
O porta-voz presidencial palestino, Nabil Abu Rudeina, condenou a atual “guerra de genocídio” israelense contra o povo em Gaza, que já resulta em dezenas de mortos e feridos por bomba e bala atiradas pelas tropas do regime fascista de Israel. O uso do veto dos EUA no Conselho de Segurança das Nações Unidas para bloquear resoluções que abordam a crise apenas perpetua a instabilidade e a insegurança, sem beneficiar ninguém, acrescentou.
Rudeina enfatizou que alcançar segurança e estabilidade duradouras exige o fim imediato dos massacres diários que ceifam a vida de civis inocentes, a entrega urgente de ajuda humanitária para deter a fome que assola Gaza e a concretização dos plenos direitos do povo palestino à liberdade e à independência, de acordo com a legitimidade internacional e a Iniciativa Árabe de Paz.
O representante palestino também denunciou a crescente violência dos colonos judeus na Cisjordânia, incluindo recentes ataques incendiários a casas e propriedades em Deir Dibwan, a leste de Ramallah, além de ataques contínuos a locais sagrados islâmicos e cristãos em Jerusalém.
PODER DE VETO ENFRAQUECE CONSELHO DE SEGURANÇA
Abu Rudeina pediu à comunidade internacional que pressione as autoridades israelenses a interromperem sua guerra criminosa em Gaza e a agressão em curso na Cisjordânia, incluindo Jerusalém, e a cumprirem o direito internacional e as resoluções da ONU.
Ele denunciou veementemente o uso contínuo do poder de veto, descrevendo-o como algo que enfraquece a autoridade do Conselho de Segurança e encoraja Israel a continuar sua campanha sem precedentes de violência e crimes de guerra.
Os mais de 2 milhões de moradores da Faixa de Gaza dependem quase na totalidade da ajuda internacional. A criminosa agressão de Netahyahu já destruiu quase toda a capacidade de produção de alimentos. Além disso, Israel impôs um bloqueio de fornecimento à Faixa em 2 de março, e uma ajuda limitada começou a entrar novamente apenas no final do mês de maio passado, após pressão internacional e repetidos alertas de fome generalizada da população civil. Uma entrada de alimentos que vem junto com tiros assassinos sobre os palestinos famintos que chegam aos centros de distribuição em busca de comida. “Uma armadilha mortal”, como denuncia o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk,
CHINA AFIRMA QUE “EUA MAIS UMA VEZ ABUSARAM DE SEU PODER”
O representante da China também expressou decepção com a votação. “Os EUA mais uma vez abusaram de seu poder e mergulharam o povo de Gaza na escuridão”, disse ele. “As pessoas não conseguem deixar de se perguntar: onde está a justiça? Gaza está se tornando um inferno na Terra, com a maioria da população à beira da fome”, frisou.
O representante chinês sublinhou as alegações de danos aos palestinos perto dos centros de distribuição de ajuda humanitária e acusou Israel de “bombardear alvos civis, incluindo escolas”. “As ações de Israel cruzaram todas as linhas vermelhas do direito internacional”.