Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, expôs uma tese que é a cara da bandalheira que é o governo Temer. Segundo ele, a Polícia Federal (PF) tem falhado na fiscalização das fronteiras e, consequentemente, tem facilitado a entrada de armas e drogas destinadas a facções criminosas, porque, nos últimos anos, o país “fez opção pelo combate à corrupção no lugar de combater bandido”. “Essa é a realidade”, frisou, durante encontro promovido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).
Em síntese, para ele, corrupto não é bandido e a corrupção não é um crime que deve ser combatida com toda firmeza.
Não é de estranhar que tal idéia parta de Marun. Ele é da turma do presidiário Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso por corrupção, por roubar a Petrobrás.
O que tem dificultado o trabalho da PF na fiscalização às fronteiras e o combate às organizações criminosas é o estrangulamento a que é submetida a instituição, com escassez de recursos materiais e falta de pessoal, devido aos cortes em seu orçamento pelos sucessivos governos. E não o combate à corrupção, ação que sofre boicote do governo, por motivos óbvios. No ano passado o governo Temer cortou 44% o orçamento da PF – cerca de R$ 500 milhões. Em 2015 o corte foi de R$ 133 milhões e em 2016, mais R$ 151 milhões.
A declaração interessada de Marun recebeu o comentário irônico do procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima: “E eu que pensei que combater a corrupção era combater bandidos! Ops…e é mesmo, é combater um bandido qualificado, pois cada centavo desviado faz falta na saúde, na educação e também na segurança. Dá para dizer que corrupto é um bandido ao quadrado”.