77% das micro e pequenas empresas não estão tendo acesso a crédito durante a crise para se manter funcionando
O Boletim de Tendências das Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo, com os dados da primeira quinzena de dezembro, mostra que para 60% dos empresários a crise provocada pela pandemia da Covid-19 ainda é muito forte, afeta muito os negócios e, nesse momento, não há como prever quando a economia irá se recuperar.
Uma parcela de 34% dos pesquisados está mais otimista e acredita que haverá uma recuperação da economia já nos próximos meses. “Tomara que o otimismo se concretize, mas não vejo dado econômico que permita construir esse cenário”, declarou o presidente do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo (Simpi), Joseph Couri.
“Vemos que o desabastecimento vem ocorrendo no resto do mundo. A diferença é que outro países conseguem priorizar suprimentos no mercado interno. Aqui, infelizmente, estamos tendo problema de crédito e o reflexo disso na produção”, afirma Joseph Couri
“Vejo o ano com preocupação. De setembro para cá, começamos a ver forte alta em preços, mais indústrias sofrendo com falta de matéria-prima e atraso na entrega”, ressaltou Joseph Couri. “Vemos que o desabastecimento vem ocorrendo no resto do mundo. A diferença é que outro países conseguem priorizar suprimentos no mercado interno. Aqui, infelizmente, estamos tendo problema de crédito e o reflexo disso na produção”, afirmou.
Segundo a pesquisa, 77% das empresas não estão tendo acesso a crédito durante a crise para se manter funcionando. Há empresas que conseguiram crédito no começo da crise, mas que já se esgotou ao longo dos últimos meses.
Na produção, vários outros problemas estão tirando o sono dos empresários. Na primeira quinzena de dezembro, 93% das micro e pequenas indústrias estavam pagando mais por insumos. Em setembro, eram 84%.
Entre os que relataram falta de materiais, o percentual passou de 54% há pouco mais de três meses. Os atrasos nas entregas afetavam 73% das micro e pequenas indústrias em São Paulo no final do ano e, em setembro, eram 51%.
O levantamento sobre o funcionamento das empresas informa que apenas 51% declararam estar funcionando normalmente na primeira na quinzena pesquisada. As demais estão com a maior parte paralisada (21%) e com pequena parte das atividades paralisadas (20%). As empresas que estavam com as atividades totalmente paradas eram 5%.
Em relação aos trabalhadores, a pesquisa aponta que 28% operam hoje com menos funcionários do que no início da pandemia. Esse patamar tem sido mantido nos últimos meses.
A pesquisa revela, ainda, que 61% das empresas têm capital de giro no montante exato que precisam e 32% não dispõe de liquidez para fazer o giro de seus negócios. Apenas 6% consideram estar com alguma folga.
A pesquisa, realizada pelo Datafolha para o Simpi, foi divulgada na terça-feira (5). Foram 264 empresas consultadas.