O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, afirmou que o pedido de indiciamento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e seu ex-chefe de gabinete, Eduardo Pelella, pela CPI da JBS “não passa de vingança desqualificada”.
“O Congresso, não bastasse o criminoso uso das Coisas da Petrobras no passado, jogou definitivamente o instituto da Comissão de Inquérito no lixo. Uma vergonha, mesmo para os padrões atuais da política”, disse Carlos Fernando Lima em uma rede social.
O relator da CPI deputado Carlos Marun (PMDB/MS), que assumirá a Secretaria de Governo, declarou na segunda-feira (11) que o pedido incluído no relatório final da CPI não poderia ser visto como uma afronta ao Ministério Público Federal.
“Vamos tirar essa maluquice de indiciar procuradores da Lava Jato. Não tem prova de nada contra Janot e Pelella. Vamos tirar também críticas à Lava Jato. A ideia é fazer um relatório técnico”, afirmou o deputado Fernando Francischini (SD/PR).
O parlamentar e seus colegas Hugo Leal (PSB/RJ) e Izalci Lucas (PSDB/DF) pretendem apresentar substitutivo ao parecer de Marun. Desde o início da CPI, o relator tem tentado inverter os papéis e transformar os investigadores da Lava Jato, especialmente o ex-procurador geral e seu ex-chefe de gabinete, em investigados.
“A CPI é uma farsa montada para desqualificar os procuradores da República e destruir a Lava-Jato e as demais investigações no país. Não encontro alternativa para atuar nessa CPI. É um espetáculo circense com um roteiro pronto”, disse o senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP) ao renunciar à vaga dele na comissão no início do mês passado.
Janot foi convidado a depor na CPI, mas declinou do convite, argumentado impedimento devido ao “sigilo profissional” imposto aos membros do Ministério Público Federal pela legislação, para “prestar quaisquer esclarecimentos sobre atos praticados em razão da função desempenhada e afetos ao meu ofício”. Como se tratavam de convites ele não tinha a obrigação de comparecer.
Pelella chegou a ser convocado, mas seu comparecimento foi suspenso pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Para ambos, as atividades da comissão deveriam se limitar às suspeitas de irregularidades na JBS e não investigar condutas de integrantes do MPF.