Para o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, é um “tiro no pé” tirar recursos da área de Ciência e Tecnologia. A afirmação foi feita, na quarta-feira (17), em audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado, para debater a necessidade urgente de recomposição dos quadros das Instituições das Carreiras de Ciência e Tecnologia e seus orçamentos.
“É um fato que nós estamos vivendo uma crise econômica séria, mas agente acha que é um ‘tiro no pé’ tirar recursos da área de Ciência e Tecnologia”, declarou. “O recurso da Ciência e Tecnologia foi diminuído mais que o PIB brasileiro. Então, se fosse o mesmo equivalente, mais os cortes que tivemos nos últimos anos, a partir de 2014, eles atingiram muito mais a Ciência e Tecnologia do que outros setores”, denunciou o presidente da SBPC, entidade que coordena 140 comunidades cientifica.
“É fundamental que os cortes orçamentários drásticos que estamos sofrendo em Ciência e Tecnologia sejam revertidos e que o quadro grave de pessoal nas instituições de pesquisa seja enfrentado com rapidez”, disse Moreira. “Para competir em escala internacional, o Brasil precisa aportar mais recursos em Ciência e Tecnologia, e aí incluídas a formação de pessoal qualificado e a recomposição dos quadros, porque a ciência é feita por gente”, enfatizou.
Este ano, o governo Bolsonaro cortou 42%, cerca de R$ 2,1 bilhões, no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – que é comandada pelo astronauta, Marcos Pontes. A pasta conta atualmente com 1,5 mil cargos vagos, o que equivale a um terço dos cargos existentes, segundo informações do próprio ministério.
A audiência foi requerida pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e participaram da reunião, além do presidente da SBPC, o diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard, o secretário-executivo do Fórum Nacional das Entidades Representativas das Carreiras de Ciência e Tecnologia, Ivanil Elisiário Barbosa, e o diretor de Governança Institucional do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Johnny Ferreira dos Santos (MCTIC), entre outros.
CAOS
Para Ivanil Elisiário Barbosa, “a situação é de caos”, não só pelas perdas de profissionais, mas também pela falta de uma estratégia governamental para a área. De acordo com Barbosa, menos da metade (47,5%) dos 24.260 servidores das 23 entidades representadas pelo Fórum, está na ativa – e a idade média deles é 51 anos.
Já Ronald Shellard, criticou a falta de um programa consistente e sistemático para os institutos de pesquisa. “Estamos há muito tempo no modo sobrevivência”, disse o físico, destacando o baixo investimento do Brasil em Ciência e Tecnologia, comparado ao PIB de outros países – 1,1% Brasil, 2,3% da China, 4% da Coreia do Sul.