“Para se industrializar, Brasil não pode abrir mão da Margem Equatorial”, diz presidente da ABDI

Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Fotos: Vitor Dias - Divulgação - Petrobrás
Para Ricardo Cappelli, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a exploração do petróleo da Margem Equatorial é a oportunidade para financiar “um novo ciclo de industrialização do País”

Ricardo Cappelli, presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), defendeu nesta quinta-feira (26) que o Brasil não pode deixar de explorar as reservas de petróleo na Margem Equatorial, localizada na costa da região amazônica.

Para ele, os benefícios econômicos e estruturais que a exploração do combustível pode trazer para os Estados da Região o Norte são recursos necessários para a produção do hidrogênio verde.

“Somos um País em desenvolvimento, com muitos desafios, e temos que fazer a transição energética sem abrir mão das nossas riquezas. O Brasil, para financiar a transição energética, na minha opinião, não pode abrir mão de explorar petróleo na Margem Equatorial”, declarou Cappelli durante participação no CB.Debate “Hidrogênio Verde: o combustível do futuro”.

“Podemos, com essa oportunidade, mudar a vida de todo o Arco Norte. Fazer com que o Brasil dê um salto de infraestrutura logística no Arco Norte, que viabilize, inclusive, a produção e operacionalização do hidrogênio verde”, frisou ainda Cappelli.

COMPLEMENTAÇÃO ENERGÉTICA

Para o presidente da ABDI, o Brasil precisa ser dirigente de sua complementação energética, e não seguir preceitos impostos por outras nações, que não representem os interesses nacionais.

Ele disse também que os investimentos são “muito bem-vindos”, mas que o Brasil não pode continuar sendo exportador de commodities, mas sim aproveitar a oportunidade para fortalecer a indústria nacional.

“Eles vêm para cá, vão montar essas plantas [de energia limpa], que são muito importantes, muito bem-vindas, mas o nosso desafio não pode ser apenas recebê-las, mas fazer com que essa oportunidade financie um novo ciclo de industrialização do País”, enfatizou.

NOVAS FRONTEIRAS DE EXPLORAÇÃO

Localizada na Região Norte do País, entre os Estados do Amapá e Rio Grande do Norte, a Margem Equatorial apresenta importante potencial petrolífero e conta com série de oportunidades para melhorar a vida de milhares de brasileiros.

Existe a possibilidade de gerar empregos, aumentar a arrecadação e participar de desenvolvimento regional e nacional.

Os projetos para a área aproveitam toda a experiência bem-sucedida em diversas bacias sedimentares do Brasil, como as de Campos e Sergipe-Alagoas, bem como o pré-sal.

A Petrobrás já perfurou mais de 700 poços na Margem Equatorial e tem como valor garantir atuação segura e responsável.

PRIMEIRAS PERFURAÇÕES

As primeiras perfurações na Margem Equatorial brasileira ocorreram na década de 1970, mas não resultaram em grandes descobertas que viabilizassem a produção comercial.

Em abril de 2024, a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo em águas ultra profundas na Margem Equatorial, no poço exploratório Anhangá, próximo à divisa entre Ceará e Rio Grande do Norte. A descoberta foi feita à profundidade de quase 2.500 metros.

A Margem Equatorial é a faixa litorânea que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, englobando as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. Recebe esse nome por estar próxima da Linha do Equador.

PETROBRÁS

A Petrobrás rebate os críticos da exploração, frisando que o petróleo da Margem Equatorial está situado a cerca de 500 quilômetros de distância da foz do rio Amazonas.

Cita, ainda, a enorme experiência da estatal para evitar possíveis danos da exploração petrolífera na região: “A nossa capacidade técnica e experiência de 70 anos nos habilitam a abrir novas fronteiras e lidar com a sensibilidade da Margem Equatorial. Nós temos todos os requisitos esperados para um projeto dessa magnitude: tecnologia de última geração, alto desempenho, criatividade e profissionais qualificados”.

“Do ponto de vista ambiental, nós estamos preparados para iniciar essa jornada seguindo todos os cuidados necessários para impactar o mínimo possível todas as características físicas, biológicas e sociais da Margem Equatorial. Além disso, estamos criando propostas que poderão possibilitar desenvolvimento para toda a região. O nosso projeto combina cuidado com o meio ambiente com possível avanço socioeconômico”, diz a empresa.

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