O senador José Serra (PSDB-SP) condenou o ataque de Bolsonaro à memória do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
O pai de Felipe, Fernando Santa Cruz, foi preso em 23 de fevereiro de 1974 e assassinado pelo ditadura.
“Ditadura ainda é um assunto caro ao país, a todos que foram perseguidos ou a quem perdeu algum parente ou amigo durante o estado de exceção. Fazer pouco caso disso e ignorar documentos oficiais não é uma atitude aceitável”, escreveu o senador nas redes sociais.
Na segunda-feira (29), Bolsonaro, ao questionar a atuação da OAB na investigação do caso de Adélio Bispo, autor da facada da qual foi alvo, declarou, de forma provocadora e rancorosa, que poderia explicar ao presidente da entidade como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar.
“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, disse Jair Bolsonaro.
A OAB não impediu nada no processo de Adélio. Foi em outro processo que ela interviu e Bolsonaro falsificou e confundiu o processo de Adélio com outro, em que atuou o mesmo advogado, Zanone Manuel de Oliveira. Esse outro caso não tem nada a ver com o processo de Adélio, e a OAB realmente recorreu contra a apreensão do telefone do advogado e em defesa do princípio da inviolabilidade profissional e constitucional de um advogado.
A declaração ocasionou uma onda de solidariedade ao presidente da OAB e de críticas a Bolsonaro, que tentou remediar mais tarde mentindo, dizendo que Fernando Santa Cruz foi morto pelos companheiros da organização em que militava.
“Fernando era um jovem de 26 anos quando foi preso. Fernando tinha uma militância política, era da Ação Popular, mas tinha vida legal, não era clandestino”, rebateu Marcelo Santa Cruz, irmão de Fernando. Ler aqui.
“A versão oficial que a gente tem é a que foi levantada pela comissão da verdade com documentos oficiais da Aeronáutica. Fernando estava sendo monitorado inclusive com quem ele tinha relação em Recife”, assinalou, em entrevista coletiva.
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