O candidato governista à presidência do Paraguai pelo Partido Colorado (ANR-PC), Mario Abdo Benítez (46), venceu a eleição de domingo com 46,44% dos votos contra 42,74% do oposicionista Efrain Alegre, do Partido Liberal Radical Auténtico (PLRA) em composição com a Frente Guasu, do ex-presidente Fernando Lugo.
A unidade “Frankestein” da Frente Guasu com o PLRA, que tinha a vice-presidência no governo Lugo e votou pelo seu impeachment em 2012 foi apontada por inúmeros setores como uma das causas da derrota.
Ao todo, foram às urnas pouco mais de 2,59 milhões dos 4,2 milhões de eleitores, totalizando uma elevada abstenção de 38%. Outros 71,8 mil eleitores votaram nulo e 62,05 mil votaram em branco, somando mais 5,15% dos votos. Os resultados foram anunciados no site da Justiça Eleitoral do Paraguai, que contabiliza até o momento 99,67% das mesas eleitorais.
No Senado, o Partido Colorado, do presidente Horacio Cartes, caiu de 19 para 17 cadeiras; enquanto o PLRA aumentou de 12 para 13 senadores e a Frente Guasu subiu de cinco para seis. As demais vagas foram compostas pelo Partido Patria Querida (PPQ), 3; Hagamos, 2; Partido Democrático Progressista, 2; Movimiento Cruzada Nacional, 1; e Partido Unace, 1. Além do presidente e dos senadores, foram eleitos governadores, deputados federais e os deputados do Mercosul.
Benítez é conhecido pelos vínculos de sua família com a ditadura de Alfredo Stroessner, que governou o país com mão de ferro durante 35 anos (1954-1989), período em que assassinou mais de 400 pessoas e torturou outras 20 mil, conforme dados do relatório da Comissão da Verdade e Justiça, publicado em 2008. Dos 448 investigados pelos crimes da ditadura, apenas oito foram processados pela Justiça.
O pai de Mario Abdo Benítez, que herdou o mesmo nome, era o secretário particular e principal dirigente da força política de Stroessner, denominada “quarteto de ouro”. Ele morreu em 2013, sem responder por qualquer das acusações por corrupção e deixou uma fortuna ao filho, ampliada com base na operação de duas construtoras da família, especializadas em fornecer serviços ao Estado.
Durante parte da ditadura, Marito Abdo foi enviado pelo pai aos EUA para estudar, onde concluiu o ensino médio e se formou em marketing político, retornando ao Paraguai no fim da ditadura para se alistar nas Forças Armadas. Entrou para o Partido Colorado em 2005, sendo nomeado vice-presidente da sigla e posteriormente eleito senador.
Há 70 anos, desde 1947, os colorados dominam o país, com apenas uma exceção, em 2008, quando Lugo foi eleito, sendo deposto em 2012 após um “confronto” provocado por franco-atiradores em Curuguaty.
GABRIEL CRUZ