Desde janeiro de 2011 até novembro/2017, o país importou US$ 11.920.723.571 em gasolina, US$ 43.458.373.477 em óleo diesel e US$ 3.687.321.922 em lubrificantes. Qual a necessidade de um país com a reserva de petróleo que temos, gastar tanto em importações de derivados?
Colocar o Brasil na posição de exportador de óleo bruto e continuar importando derivados de petróleo é o grande plano de política energética do atual governo, de acordo com afirmações do diretor da EPE (Empresa de Pesquisa Energética – ligada ao Ministério de Minas e Energia), José Mauro Coelho, ao apresentar a projeção de produção de petróleo para o país em 2017 na quarta-feira (06).
“A produção tende a crescer muito até 2026, tornando o Brasil um dos cinco principais exportadores de petróleo”, disse.
Da capacidade produtiva da Petrobrás ninguém duvida – a média diária dos últimos anos foi de 2,1 milhões de barris equivalentes por dia, um dos mais altos índices mundiais. Mas de onde vem o fetiche subserviente de posicionar o país como exportador do produto com baixo valor agregado, enquanto continuamos a importar os derivados que temos plena capacidade de produzir?
A exportação de petróleo bruto cresceu em 2017 até outubro 37,3%, somando U$ 6,2 bilhões e segurando a balança comercial do país.
Desde janeiro de 2011 até novembro deste ano, o país importou US$ 11.920.723.571 em gasolina, US$ 43.458.373.477 em óleo diesel e US$ 3.687.321.922 em lubrificantes.
Ao todo, US$ 59 bilhões somente nestes três itens (que não são os únicos derivados que exportamos – todos os dados são da Secex/MDIC).
Qual a necessidade de um país com a reserva de petróleo que temos, gastar tanto em importações de derivados?
Exceto privilegiar multinacionais, nenhuma.
A questão se expressa na decisão de institucionalizar na Petrobrás um “plano de desinvestimento”, esboçado por Graças/Bendine durante o governo Dilma e aprofundado por Pedro Parente, nomeado presidente da estatal por Michel Temer. O plano se baseia na venda de ativos e no corte bruto dos investimentos da empresa com o claro objetivo de viabilizar a sua privatização.
Não é à toa que a venda dos braços da companhia que garantem seu processo de produção integrado “do poço ao posto” quase desde a sua fundação faz parte do perverso plano. É o caso da venda da BR Distribuidora, subsidiária que garante a distribuição de combustível no país – até então com preços subsidiados – e uma das grandes geradoras de receita para a empresa (além de ser a grande “marca” da Petrobrás).
Os cortes nos investimentos se concentram especialmente no processo de refino, para inviabilizar a Petrobrás e o país de terem autonomia e soberania que o projeto integrado propicia. O volume de petróleo processado nas refinarias do país em 2017 é o menor desde 2010.
O diretor da EPE ressaltou que, quando se analisa o setor de refino do país, não se vê muitas mudanças [do ponto de vista da oferta de derivados] em um horizonte de 10 anos. “Não vemos muitas mudanças, nada relacionado ao Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), a não ser a entrada da Unidade de Processamento de Gás Natural por volta de 2021. E também a possibilidade da entrada do segundo trem da Rnest (Refinaria do Nordeste) em 2023, que adicionará alguma coisa à capacidade de refino do país”.
“Efetivamente a nossa produção de petróleo crescerá muito e deverá chegar em 2026 com extração de cerca de 4,5 a 5 milhões de barris de petróleo equivalente por dia, praticamente dobrando a produção em um horizonte de 10 anos – o que é muito significante”, disse Coelho, atribuindo o crescimento da extração aos leilões das áreas de pré e pós-sal iniciados no governo Dilma e agora grande aposta do governo Temer para atrair as multinacionais (ver matéria sobre Repetro nesta página).
É claro que as multinacionais estrangeiras têm todo interesse em mandar para fora o produto bruto da exploração dos nossos ricos campos para depois vender – no mesmo lugar de onde tiraram – os produtos derivados, inclusive gasolina, por preços exorbitantes.
Os aumentos recentes no preço da gasolina têm íntima relação com essa política: primeiro porque possibilita que as grandes petroleiras tenham capacidade de concorrência no país. Estamos reféns dos preços internacionais não por capacidade, mas por opção.
A gasolina chegou, após 23,2% de aumento nos últimos cinco meses, a R$ 4,00 o litro, causando indignação da população e impactando nos preços num geral. Enquanto isso a produção esteve de vento em popa. Qual é a explicação para que um país rico em Petróleo esteja nessa situação?
PRISCILA CASALE
Parece que o problema é estratégico, pois as reservas brasileiras de Petróleo durará mais 50 anos apenas.
O Brasil precisa desenvolver uma nova matriz energética.
Desafio: colocar em órbita 36.000 metros de altura uma tecnologia para produzir energia solar.
Energia solar será a nova matriz
Parece que o problema é estratégico, pois as reservas brasileiras de Petróleo durarão mais 50 anos apenas.
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