- A Bunge, que emplacou seu funcionário na presidência da Petrobrás, logo ganhou o direito de importar combustíveis
Há quem se iluda que Pedro Parente caiu porque estava defendendo de forma truculenta e intransigente apenas e somente os interesses dos acionistas da Petrobrás, na maioria especuladores da Bolsa de Nova Iorque, e das multinacionais distribuidoras de combustíveis, que estavam importando barato e ganhando rios de dinheiro com os preços internos nas alturas.
Errou quem achou que era só isso. O móvel de todo este destempero que quase incendiou o Brasil, era, pasmem, o seu próprio bolso. Não era só para beneficiar as múltis no geral que o rei do apagão de FHC voltou a explodir o Brasil. Ele próprio, através da Bunge, encheu as burras sabotando a Petrobrás e o país.
Quem ganhou muito dinheiro com a explosão de importações de derivados, principalmente dos EUA, foram as trading importadoras. Pedro Parente foi “CEO” da Bunge, trading originalmente belga, que depois transferiu-se para a Argentina e hoje tem sede em White Plains, New Jersey, perto de Nova York. A Bunge tradicionalmente atuava na área de grãos e etanol, mas estranhamente ganhou, entre 2016 e 2017, junto com outras empresas, o direito de importar combustíveis. Parente assumiu a presidência da Petrobrás em junho de 2016, pouco depois tempo de sair da Bunge.
Quando presidia a multinacional ele já pressionava a Petrobrás a subir os preços da gasolina para não atrapalhar os negócios da Bunge com etanol. Nesta época o governo brasileiro (Dilma) beneficiava as múltis de outro jeito. Obrigava a Petrobrás a importar derivados mais caros lá fora e vendê-los às multinacionais aqui dentro por um preço menor para “subsidiar” o diesel e a gasolina. A Shell e outras agradeciam. A estatal brasileira teve um prejuízo, denunciado à época por Fernando Siqueira, da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), de mais de 90 bilhões de dólares. A Bunge e Parente estavam insatisfeitos na época porque, com preços menores da gasolina o álcool combustível perdia espaço.
A Bunge, que emplacou seu funcionário na presidência da Petrobrás, com a mudança na política anterior de preços, iniciada com Graça Foster, logo se interessou em lucrar também com diesel e gasolina e ganhou o direito de importar combustíveis. Em junho de 2017, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) publicou uma resolução – sob medida – sobre o “controle de qualidade de produtos importados com foco em diversos tipos de combustíveis, para reduzir as exigências e simplificar o processo de importação no País”. Tudo como a Bunge queria. Estava preparado o terreno para a explosão das importações de combustíveis que beneficiaria as multinacionais distribuidoras e as trading importadoras. Parente e os novos executivos da Bunge não paravam de esfregar as mãos.
Em 2017, as importações de gasolina aumentaram 53,39%, em relação a 2016. O que significa que, em metros cúbicos, a gasolina importada passou de 6,80% do consumo em 2016 para 10,17% em 2017 (usamos, aqui, como medida do consumo, os números de vendas, em metros cúbicos, das distribuidoras, divulgados pela Agência Nacional do Petróleo). Enquanto isso as refinarias brasileiras foram perdendo espaço para os importadores até atingir a ociosidade atual de 32% de sua capacidade de refino. O diesel importado dos EUA, que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil”, diz a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet).
As importações de diesel aumentaram, no mesmo período, 63,61%. Em termos de parcela do consumo, o óleo diesel importado foi de 14,59% para 23,65%. As importações de etanol aumentaram 119,39%, o que é uma loucura, para um país que tem uma extensa área plantada de cana. Em 2017, um terço das exportações de etanol dos EUA foram para o Brasil (cf. RFA, “2017 U.S. Ethanol Exports and Imports, Statistical Summary”, p. 3). Em 2018, até fevereiro as importações de derivados subiu 64,1%.
Ou seja, a Bunge, que Parente havia presidido antes de assumir a Petrobrás, aumenta as importações de etanol e recebe autorização para importar diesel, querosene de aviação e gasolina. Como é bonzinho esse Pedro Parente. Não é à toa que o presidente mundial da Bunge, Alberto Weisser, só fez rasgar elogios para o seu “querido” subordinado: “Pedro traz para a Bunge um histórico de êxitos nos setores público e privado”.
As importações de derivados de petróleo superaram 200 milhões de barris, em 2017, um ano marcado pela perda de participação de mercado pela Petrobrás, segundo dados oficiais. O volume de compras externas de derivados de petróleo pelo Brasil somou 206,9 milhões de barris, alta de 25% ante o ano anterior, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
E, como vimos, com a política criminosa de Parente, não só os preços, mas as importações de derivados continuaram a subir descontroladamente. E quem ganhou muito dinheiro com isso foi o próprio Pedro Parente e a sua ex-empresa beneficiada, a Bunge. Afinal, ninguém é de ferro. Não estranhe o nobre leitor, se Parente for logo premiado com um novo convite feito por um de seus benfeitores.
SÉRGIO CRUZ
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Lixo de matéria, considerando que Parente saiu da Bunge em julho/14.
A Bunge só fez aplaudir Parente. Claro, ela ganhou o direito de importar derivados. Parente jogou os preços dos derivados na lua. Que mais? Isso sim é um lixo que tem que ser varrido!
Ratoparente ratazanando sempre. Mas quem guindoh este rato rato é. Ficamos mais subdesenvolvidos. Os milicos au au au são coniventes.
Até que não, leitor. Pelo contrário, nossos militares não fizeram o que o Temer queria. No que fizeram muito bem.