A atual gestão entreguista da Petrobrás anunciou previsão de redução da dívida liquida da companhia para R$ 77 bilhões ao final de 2018. A notícia, longe de ser positiva, representa o efeito do criminoso corte nos investimentos e vendas de ativos da estatal – tomados como política institucional das últimas gestões como forma de saldar uma falaciosa “dívida impagável”.
O cartel de empresas estrangeiras – que é quem mais se beneficia com a venda de ativos e política de preços da Petrobrás – não tardou a conceder, através do folhetim nova-iorquino “Latin Finance”, um prêmio pela “gestão de dívidas” da Petrobrás por conta da oferta de venda e troca de títulos realizados no final do ano passado. A dívida, com isso, retrocederá 12,6% com relação ao registrado no terceiro trimestre de 2017, segundo comunicado.
As razões para a reprodução da versão de que a Petrobrás está quebrada é nos fazer crer que a única saída para a “insolvência” é a queima do patrimônio da estatal, que é, sobretudo, patrimônio do povo brasileiro. O plano de gestão baseado nos pilares da venda de ativos e redução dos investimentos virou política institucional do Conselho da Companhia durante o governo Dilma, em 2015, sob a gestão de Graça Foster, e foi aprofundado durante as gestões de Aldemir Bendine (hoje preso pela operação Lava-Jato) e, atualmente, por Pedro Parente.
Inúmeros estudos e comparativos já demonstraram que a capacidade da Petrobrás de gerar receita é mais do que compatível com o seu endividamento. Portanto, a Petrobrás não está quebrada.
“A Shell tem uma dívida igual à da Petrobrás, mas tem reservas cinco vezes menores. A Petrobrás já descobriu 50 bilhões de barris nos campos de Tupi, Iara, Búzios, Carcará e outros. A Shell tem reservas de cerca de 10 bilhões de barris, apenas. A Petrobrás está melhor do que todas as empresas do cartel. Tem mais reservas e melhor tecnologia do que elas”, explica Fernando Siqueira, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet).
Para se ter uma idéia, ao final de 2016, a dívida bruta da companhia somava R$ 384,99 bilhões, enquanto a sua receita bruta, R$ 373,82 bilhões – o que desmascara qualquer tese de insolvência.
Segundo Siqueira, soma-se a isso a desvalorização dos ativos da Petrobrás (‘impairment’), dirigida por Bendine, que em 2015 foi responsável por gerar um falso rombo de R$ 35 bilhões, por exigência da auditora americana PWC.
“A Petrobrás não está endividada. Mesmo com esse falso rombo, o lucro bruto da companhia naquele ano (2015) foi de R$ 98,5 bilhões e, o líquido, de R$ 14 bilhões”.
Ao contrário do que se diz, o atual plano já causou à Petrobrás perdas na ordem de R$ 500 bilhões, o que reforça que o objetivo principal, ao invés de sanar as dívidas, é desnacionalizar e desintegrar a Petrobrás através da venda de ativos estratégicos e a desastrosa política de preços.
Segundo levantamento da Aepet, as principais vendas já realizadas desde 2015 causaram os seguintes prejuízos:
– Prejuízo de R$ 331 bilhões de perdas com a entrega do campo de Libra por 35 anos em um consórcio formado pela Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC;
– Malha de gasodutos da Nova Transportadora do Sudeste (NTS): prejuízo de R$ 60 bilhões pelo contrato de 20 anos concedido à canadense Brookfield;
– Venda do Campo de Carcará para a Statoil rende prejuízo de R$ 47 bilhões;
– Venda de fatias nos campos Iara e Lapa do pré-sal em “alegado acordo de parceria com a francesa Total” por US$ 2,2 bilhões, o prejuízo é da ordem de R$ 81 bilhões.
PRISCILA CASALE