Após a divulgação do vídeo de reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, autorizada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), os senadores Randolfe Rodrigues e Fabiano Contarato, ambos da Rede Sustentabilidade, e os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ) e Joenia Wapichana (Rede-RR) apresentaram ao procurador-geral da República, Augusto Aras, representação contra o ministro da educação, Abraham Weintraub, por ofensas e ameaças contra pessoas, povos e instituições.
Os parlamentares solicitaram ainda que o Ministério Público Federal (MPF) apure se o ministro incorreu em crime de discriminação contra os povos indígenas, ferindo as diferenças culturais das diversas etnias.
Para os congressistas, “a referida reunião apresenta um conjunto de ofensas e ameaças, expressas ou veladas, em expressões indecorosas, grosseiras e constrangedoras, contra diferentes pessoas, povos e instituições”.
Eles caracterizam os trechos das falas de Weintraub como uma “clara destilação de ódio, em termos claros, enfáticos e chocantes, contra o povo indígena e o povo cigano”. A representação frisa a crítica feita por Weintraub a Brasília como “cancro de corrupção, de privilégio”, e ao dirigir-se ao STF com absoluto desrespeito à instituição, ao afirmar que: “Eu, por mim, botava esses vagabundos na cadeia. Começando no STF…”.
“Não só as palavras, mas o contexto e a entonação demonstram o desprezo profundo do ministro da Educação tanto pelos povos ciganos e indígenas, como pelo Supremo Tribunal Federal e seus honrosos membros”, ressaltou Randolfe Rodrigues.
Em outra representação, Randolfe, Molon e o deputado André Peixoto (PDT-CE) questionam a nota divulgada sexta (22) pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
Nela, o ministro afirma que a apreensão do celular de Bolsonaro para eventual perícia seria uma “interferência inadmissível” no governo, que poderia ter “consequências imprevisíveis” para a estabilidade política do país.
O pedido feito a Aras é para que o MPF instaure inquérito visando apurar a licitude do comportamento de Heleno tanto por crime comum, quanto por crime de responsabilidade. “Não vamos aceitar ameaça alguma contra a democracia. O Sr. Augusto Heleno não só deve explicações como desculpas por ameaçar as instituições”, diz o texto.