A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e outros parlamentares entraram com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) para que seja investigado o caso das “pedras preciosas” recebidas por Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022.
O caso veio à tona com a denúncia de Jandira, que encontrou indícios de crime nos e-mails trocados entre os ajudantes de ordem de Jair Bolsonaro.
As “pedras preciosas” foram, segundo acusam os e-mails, dadas a Bolsonaro em Teófilo Otoni (MG), durante a campanha eleitoral de 2022, mas nunca foram cadastradas oficialmente.
“Como se sabe, todo presente recebido pela Presidência da República superior a R$ 100 pertence ao patrimônio público. Por isso, é grave o conteúdo dos e-mails descobertos no âmbito da CPMI dos Atos Golpistas”, afirmou Jandira Feghali.
“Se as pedras preciosas foram dadas no exercício da função de Presidente da República, Bolsonaro cometeu crime de peculato”, continuou.
“Esse processo poderá levar a um novo julgamento de contas irregulares e mais um período de inelegibilidade para todos os envolvidos, inclusive Bolsonaro”, completou.
Também assinaram a representação os senadores Randolfe Rodrigues (AP), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Fabiano Contarato (PT-SC), além dos deputados Rogério Correia (PT-MG), Duda Salabert (PDT-MG), Henrique Vieira (PSol-RJ), Rubens Junior (PT-MA) e Duarte Jr (PSB-MA).
O grupo também pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o caso seja investigado.
Um ajudante de ordens do ex-presidente, Cleiton Holzschuk, disse por e-mail que algumas “pedras preciosas” foram dadas para Jair Bolsonaro e não deveriam ser cadastradas no sistema da Presidência, mas entregues em mãos para Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens.
Através de suas redes sociais, Jair Bolsonaro tentou desmentir o caso, mas acabou por confirmá-lo. Ele disse que eram “pedras semipreciosas”, contrariando o que seu próprio ajudante de ordens disse nos e-mails.
Bolsonaro não explicou o motivo pelo qual o presente foi dado em mãos para Mauro Cid, ao invés de registrado no sistema da Presidência.
Questionado pelos repórteres se ainda estava com as pedras preciosas em mãos, Bolsonaro se esquivou e não quis falar sobre o assunto.
Jair Bolsonaro já escondeu da Receita Federal “presentes” que recebeu da família real da Arábia Saudita, incluindo relógios de luxo, colares com diamantes e diversos outros objetos, e teve que entregá-los à União por ação do TCU.
A existência desses presentes milionários só veio à público por ação da imprensa, que de diversas formas conseguiu comprovar que se tratava de uma apropriação ilegal e incompatível com o cargo de presidente da República.