Em meio aos recordes diários de novos casos da Covid-19 nas últimas semanas, e mortes pela doença, que já ultrapassam a marca de 200 mil no país, parlamentares estão se mobilizando pela retomada do auxílio emergencial.
A renda emergencial, aprovada pelo Congresso Nacional, que permitiu que 68 milhões de brasileiros enfrentassem a crise econômica agravada pela pandemia encerrou em dezembro e milhões de famílias iniciaram o ano sem renda em meio ao desemprego recorde a ao recrudescimento da Covid.
Na quarta-feira (6), ao lançar oficialmente sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Baleia Rossi (MDB/SP) defendeu a necessidade de “buscar uma solução: ou aumentar o Bolsa Família ou o auxílio emergencial”.
“Ano passado parecia que íamos virar o ano e a pandemia ia acabar. Essa não é a realidade. Hoje temos milhões de brasileiros que vão deixar de receber o auxílio e voltar a ter dificuldade do mais básico, que é ter alimento na sua mesa”, destacou. “Por que não voltar a debater o auxílio emergencial?”, defendeu.
Sem emprego, sem renda e com os preços explodindo, a pressão sobre o governo só aumenta. Por outro lado, Bolsonaro continua negando o agravamento da crise e da pandemia: “temos que ter responsabilidade fiscal”, “estamos no finalzinho da pandemia”, e “a economia está crescendo em V”, além de fazer de tudo para atrasar a vacinação da população brasileira.
No entanto, deputados e senadores mais uma vez tomaram a iniciativa, que deveria ser do chefe de Estado, e já articulam uma sessão extraordinária do Congresso Nacional, em meio ao recesso parlamentar, para discutir, além de um novo auxílio emergencial, o processo de vacinação contra a Covid-19 e a extensão das medidas da Lei de Estado de Calamidade Pública, que se encerraria em 2020, mas não expirou por decisão liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, garantindo assim a aquisição de equipamentos, a compra de vacinas nos estados e a contratação de profissionais de saúde na pandemia.
Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que apresentou o requerimento para a convocação extraordinária, que já circula nas Casas Legislativas, “é muito clara a necessidade de prorrogação do auxílio emergencial e do estado de calamidade, uma vez que a pandemia persiste, inclusive mais grave, e a gente está muito longe de um programa de vacinação nacional que gere efeito de imunidade”.
Diante desse quadro de calamidade, até o deputado Arthur Lira (PP/AL), que também disputa a presidência da Câmara, aderiu à defesa de um programa social, mas sem entrar em choque com Bolsonaro que o apoia. “Precisamos cuidar dos mais pobres reorganizando os programas de renda mínima sem abrir mão da austeridade fiscal e do teto de gastos”, disse Lira, afirmando seu compromisso com o arrocho fiscal e a garantia da transferência de recursos públicos, da saúde, da educação, da segurança, para os bancos.