Três agentes entraram armados no Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Amazonas (Sinteam), em Manaus, e interrogaram os dirigentes dos movimentos sociais
Deputados e senadores repudiaram a invasão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na reunião de movimentos sociais na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Amazonas (Sinteam), que preparavam um ato em defesa da educação para ocorrer durante a visita de Bolsonaro, em Manaus.
Na terça-feira (23), três agentes da PRF entraram armados com metralhadoras na sede do Sinteam pouco antes do início previsto da reunião.
Os policiais interrogaram os presentes sobre uma manifestação que estava marcada para quinta-feira (25), em ocasião da visita de Bolsonaro, e disseram estar lá por ordem do Exército.
O Comando Militar da Amazônia (CMA) negou. Em nota, o CMA disse que é “infundada” a informação de que tenha partido do Exército a ordem para os agentes invadirem a reunião. O CMA acrescenta ainda que não possuía informação nenhuma sobre a existência da reunião. Além disso, diz a nota, “o Exército atua com base nos princípios da legalidade, estabilidade e legitimidade”.
“Isso é grave! O direito à reunião e manifestação de ideias é uma garantia prevista na nossa Constituição Federal! É prática de ditadura a tentativa de calar manifestações indo contra direitos fundamentais! O governo deve explicações urgentes!”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é líder da oposição no Senado, através de suas redes sociais.
“[Estão] Cada vez mais evidentes os sinais de corrosão da democracia no Brasil. Agora, o direito à livre reunião, preconizado na Constituição Federal, também é alvo da sanha autoritária vigente no país. As instituições de Estado não podem ameaçar opositores”, continuou. “Não iremos tolerar este tipo de atitude. Agente público armado atuando sem autorização judicial, tem um nome, chama-se milícia. É prática de regimes ditatoriais, qual vivemos aqui. Também nos remete às ações da SS nazista. Um absurdo!”, completou Randolfe.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) comentou que “por mais que muitos não queiram, ainda existe uma Constituição nesse país e ela garante o direito de reunião e manifestação. A PF e o Ministério da Justiça devem explicações”.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), vice-líder da Minoria na Câmara, disse que “essa ação com os professores de Manaus é uma grave ameaça à democracia. E Bolsonaro não pode transformar a PRF em polícia política”.
Para Vanessa Grazziotin (PCdoB), ex-senadora no Amazonas, a situação é “inadmissível”, uma “grave ameaça à democracia e uma absurda ilegalidade”. “Polícia é para perseguir bandido e não para trabalhadores e estudantes”, enfatizou.
A presidente do sindicato, Ana Cristina Rodrigues, afirmou que a situação “é muito preocupante, porque o nosso direito de expressar fica cerceado. Mas não estamos intimidados e vamos fazer nosso ato pacífico na quinta-feira”.