O Parlamento da Nicarágua criou, domingo (7), a “Comissão da Verdade” que investigará as mortes de 45 pessoas durante os protestos contra o ajuste da previdência encaminhado pelo presidente Daniel Ortega, em atenção a propostas do FMI.
A indicação dos cinco membros da “Comissão da Verdade, Justiça e Paz” ocorreu durante uma sessão plenária, com duração de 20 minutos. Enquanto a comissão era articulada, uma manifestação reivindicava justiça para as vítimas da repressão governista. Após sua criação, o órgão deverá apresentar um relatório com os resultados da investigação em até três meses, conforme anunciou o presidente do Parlamento nicaraguense, Gustavo Porras.
A comissão foi composta pelo economista Cairo Amador, a ex-reitora da Universidade das Regiões Autônomas da Costa do Caribe Nicaraguense, Mirna Cunningham, o vice-presidente do Conselho Nacional de Universidades, Jairo López, o padre Uriel Molina e um dos membros da Procuradoria de Direitos Humanos, Adolfo Jarquin.
Os protestos contrários aos cortes da previdência, que o governo insiste chamar de reforma, tiveram início no dia 18 de abril. A medida se resume no corte de 5% das pensões dos aposentados somada a elevação da contribuição patronal (de 19% para 22,5%) e dos trabalhadores (6,25% para 7%).
O ajuste contra a previdência foi suspenso provisoriamente pelo governo no dia 21 de abril, mesmo dia no qual a igreja católica do país aceitou o convite governista para mediar um diálogo nacional reunindo integrantes do governo e representantes das organizações que se sublevaram contra o ataque à Previdência.
Além das 45 mortes, ao menos 400 pessoas ficaram feridas durante as manifestações, conforme dados do Centro de Direitos Humanos da Nicarágua.