O Parlamento iraquiano aprovou uma moção que exige a expulsão das tropas norte-americanas do país – o que já era uma forte tendência após os ataques dos EUA que mataram 25 iraquianos. Após o ato terrorista de Trump em Bagdá que resultou no assassinato do mais importante general iraniano, Qasem Soleimani, essa decisão tornou-se urgente e inevitável.
O próprio premiê iraquiano interino, Adil Abdelmahdi, defendeu essa opção como “a melhor para o Iraque”. A sessão no Parlamento, onde o bloco xiita é majoritário, se desenvolveu em um ambiente tenso, sob as ameaças de Washington. A resolução aprovada não tem caráter vinculativo [ não obriga o executivo a aplicar a decisão ] mas é uma forte derrota política para o governo Trump que quer manter tropas de ocupação no país. Com o apoio explícito do premiê Abdelmahdi, cabe agora ao Executivo iraquiano encaminhar a posição aprovada.
Em seu discurso no Parlamento antes da votação, o primeiro-ministro Abdelmahdi afirmou que o Iraque tem duas opções em cima da mesa: uma é exigir a retirada completa de tropas estrangeiras e a outra seria renegociar o acordo que rege sua presença. O premiê defendeu a primeira opção: “Apesar das dificuldades externas e internas que podemos enfrentar, é a melhor para o Iraque”.
Simultaneamente, o Ministério das Relações Exteriores do Iraque apresentou uma queixa ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo ataque dos EUA que resultou no assassinato de Qasem Soleimani, além do comandante das Forças de Mobilização Popular das milícias xiitas do Iraque, Abu Mahdi al Mohandes e oito outros soldados de ambos os países. A Chancelaria iraquiana exige que o órgão da ONU condene os ataques por presumir uma “violação perigosa da soberania do Iraque e das regras da presença dos EUA” no país.
Conforme informações da imprensa local, 170 deputados do bloco xiita – dos 329 disponíveis para o Parlamento iraquiano – assinaram a proposta, que diz: “O governo compromete-se a revogar seu pedido de assistência à coalizão que luta contra o Estado Islâmico, devido ao fim das operações no Iraque e à conquista da vitória”. E ainda afirma, conforme a Reuters: “O governo iraquiano deve trabalhar para acabar com a presença de todos os tipos de tropas estrangeiras em solo iraquiano; proibir-lhes o uso do território, do espaço aéreo e das águas territoriais”.
Com 5,2 mil soldados dos Estados Unidos ainda nas bases militares iraquianas, supostamente a “convite” do governo, a “decisão agora tomada forçaria as tropas a sair do país”, conlui meio a contragosto o arguto The New York Times.
S. SILVA