O presidente do partido turco Vatan (Patriótico), Dogu Perinçek e o vice-presidente da Secretaria de Relações Internacionais, Yunus Sone, denunciaram, dia 28, em entrevista coletiva, que Estados Unidos e Ucrânia firmaram um documento que atenta contra a soberania da Turquia e da Rússia se arrogando o direito de atuar para “deter projetos como o Turk Stream 2 [gasoduto que cria condições para o transporte do produto da Rússia para a Europa sem a atualmente obrigatória passagem pela Ucrânia].”
A declaração conjunta foi publicada no portal do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Ela acontece dias depois da inauguração da primeira parte do gasoduto (que estabelece a passagem de gás da Rússia para a Turquia, faltando concluir o outro braço que é o que conecta a Turquia à Europa).
O presidente do Vatan, Perinçek, denuncia que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klimkin, se reuniram em Washington no dia 16 de novembro de 2018 e o resultado do encontro foi a declaração de “parceria estratégica” que inclui a determinação de barrar passagens alternativas para o gás russo rumo à Europa. “Um acordo perigoso”, como qualifica Perinçek, estabelecendo uma “coordenação contínua” para “deter o projeto”.
A vontade dos Estados Unidos e do seu parceiro, a junta nazista da Ucrânia (que chegou ao poder através de um golpe de Estado bancado pelos EUA), passa à condição de uma suposta “ necessidade”. “Ambas as partes também sublinham a necessidade de um trânsito contínuo de gás através da Ucrânia”, diz o documento. De formas que os Estados Unidos se arvoram a garantir a “segurança energética da Europa. ” De fato, muito seguro ficar dependente de um governo imposto pelos Estados Unidos aos ucranianos e ao próprio EUA.
Como de costume, em momentos em que justifica intervenções agressivas, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA declarou à imprensa, à saída do encontro norte-americano com o representante da junta nazista ucraniana, que os EUA atuaram para “fortalecer as instituições democráticas da Ucrânia”.
Na mesma declaração – citada pelos patriotas turcos – americanos e ucranianos se propõem a deter também a passagem através do mar Báltico até a Alemanha, o Nord Stream 2.
Para Perinçek o grave incidente no estreito de Kerch, quando a entrada não autorizada de barcos ucranianos em águas russas obrigou a marinha do país a entrar em ação para garantir a soberania da Rússia se insere no contexto das determinações do encontro em que EUA e Ucrânia explicitam a sua disposição de intervir nas decisões de países soberanos.
Ato contínuo e em uma inversão da verdade dos fatos, a junta que governa a Ucrânia chama a Otan a agir em conjunto com ela para deter uma suposta agressão russa, quando foi a Ucrânia que realizou a provocação.
Perinçek alerta ainda que estas provocações ucranianas adquirem uma dimensão que também ameaça a Turquia e conecta esta parceria EUA-Ucrânia a outras ações como os exercícios militares dos Estados Unidos com Israel no mar Mediterrâneo nas proximidades de águas territoriais turcas, tudo na ânsia de criar obstáculos a alianças da Turquia com a Rússia e com a Europa em questões que estão fora da jurisdição internacional legal para os Estados Unidos.
Peinçek insta o “governo da Ucrânia, nosso vizinho no Mar Negro, a se abster de atuar como um acessório do plano dos EUA. A Turquia não pode e não permitirá que tensões como a do estreito de Kerch, ameaça à paz e à cooperação regional, fiquem impunes”.
E conclui na certeza de que “além de proteger seus recursos energéticos no mar Mediterrâneo, a Turquia também apoiará a segurança energética dos países vizinhos no Mar Negro e nos países dos Balcãs e vai atuar para garantir – contra a sabotagem dos EUA – as suas linhas de energia.”