Presidentes e representantes do Cidadania23, PSDB, PROS, PDT, PSB, PCdoB, PT, PSOL e Rede Sustentabilidade reforçaram a necessidade de construir uma frente ampla em defesa da democracia.
Os partidos debateram “Democracia, política e partidos”, tema que compõe a programação do ciclo de debates “Diálogos, vida e democracia”, organizado pelo Observatório da Democracia.
O debate foi mediado pelo presidente do Cidadania23, Roberto Freire, que defendeu a urgência da construção de uma ampla frente democrática contra o autoritarismo de Bolsonaro.
“A frente democrática que se formou contra a ditadura militar foi forjada durante um longo tempo. Agora, não temos tempo. Não é um problema de que podemos errar ou deixar vencer por ideias de vetos e restrições. Agora, também, o que está em jogo é a democracia”, disse.
Para ele, “o momento que o Brasil vive exige que as forças democráticas dialoguem, se possível tentando encontrar caminhos conjuntos de como fazer esse enfrentamento democrático”.
“Bolsonaro demonstra um desrespeito completo à democracia e à nossa Constituição”, comentou.
Participaram do evento o ex-deputado federal e secretário-executivo do Instituto Teotônio Vilela (PSDB), Betinho Gomes; o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi; o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira; o presidente do PROS, Eurípedes Gomes de Macedo Jr.; a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o presidente do PSOL, Juliano Medeiros; a vice-governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB, Luciana Santos; e o porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade, Pedro Ivo.
BETINHO GOMES
O ex-deputado federal e secretário executivo do Instituto Teotônio Vilela, Betinho Gomes, representou o PSDB no encontro. Ele lembrou fala do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, de que “o caminho do PSDB é a oposição”.
“O PSDB estará sempre ao lado da democracia. É assim que pensa o Instituto Teotônio Vilela, as lideranças mais importantes do PSDB, a exemplo do presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador João Dória (PSDB), do governador Eduardo Leite (RS), e diversas outras”.
“Esse governo tem demonstrado pouquíssima aptidão para conviver com o debate contraditório e está mostrando sua face mais cruel ao negar a pandemia, o problema que se apresenta, e ao lado disso tentar criar uma divisão ainda mais profunda no país”, disse.
LUPI
Para Carlos Lupi, “é hora de falar em alto e bom som que não é no grito que eles vão levar”. “É preciso juntar todo mundo para derrotar esse profeta da ignorância. Todo mundo. Todos que têm vínculo com a democracia e história de respeito às instituições. Deixemos para segundo plano as nossas diferenças”.
O presidente do PDT afirmou que “o Bolsonaro não tem a liderança das Forças Armadas na ativa. Ele foi um capitão de reserva. Ele não tem carreira dentro do Exército Brasileiro, ele não obedeceu a hierarquia do crescimento”.
“Bolsonaro foi uma espécie de chave que abriu o armário para uma direita que se escondia. Ela se assumiu”.
CARLOS SIQUEIRA
Siqueira enfatizou que “as Forças Armadas não estão no governo”. “Os generais que comandam as Forças Armadas não estão convencidos de que devem apoiar golpe ou regime autoritário nenhum”.
“São generais mais jovens e que sabem o preço que as Forças Armadas pagam pela ditadura de 1964 e que não vão fazer isso”.
“A saída para essa crise profunda e sem precedentes na vida do país, é a formação de uma frente que eu não digo ampla, eu digo amplíssima. Todos aqueles que hoje se opõe ao governo Bolsonaro devem ser bem-vindos à frente amplíssima para que a gente possa enfrentar esse momento”.
“Para vencer e ganhar o povo para um impeachment, precisamos estar do lado de todos os democratas do país, não podemos excluir ninguém. Essa é a posição do Partido Socialista Brasileiro”.
LUCIANA SANTOS
A presidente do PCdoB afirmou que a frente ampla não é feita por “forças que pensam igual. Não é coligação eleitoral. Nós precisamos buscar os denominadores comuns, os aspectos que precisam ser destacados”.
“Nem Bolsonaro tem forças para dar o golpe que deseja e nem nós temos forças para barrar o seu governo. Mas nós temos que buscar saídas”.
A vice-governadora de Pernambuco afirmou que o campo democrático deve saber explorar as contradições do governo Bolsonaro. Um dos exemplos usados foi o da saída do ex-juiz Sérgio Moro do Ministério da Justiça. Para ela, Moro minou parte do apoio do governo.
“Bolsonaro tem dentro dos pilares do governo dele contradições. Nós temos que explorar essas contradições. Em médio prazo, terão contradições em relação à agenda econômica. O Braga Netto [ministro-chefe da Casa Civil] apontou para medidas contra-cíclicas, enquanto o Guedes funciona cortando recursos”.
PEDRO IVO
O porta-voz nacional da Rede, começou sua fala dizendo que “temos muita unidade com o que foi falado. Precisamos de uma frente ampla, amplíssima, que não se confunde com frente eleitoral, porque se a gente não se cuidar, nem eleição poderá ter”.
“Para nós, a democracia é um valor universal”. “O primeiro objetivo é derrubar o governo Bolsonaro. Seja por um impeachment, seja pela cassação de mandato. Da forma constitucional e democrática que conseguirmos”.
“A linha de corte dessa ampla frente é quem é a favor da democracia. Não é uma frente ideológica, é de sobrevivência”, apontou.
Ivo disse também que o combate às fake news deve ser prioritário na pauta democrática. “E venha ela de onde vier. Na política não deve ter a prática do vale-tudo”.
“Nós queremos derrotar o Bolsonaro e o fascismo não para voltar ao que era antes. Nós temos que pensar em novas saídas que envolvem profundamente uma economia de baixo carbono, uma democracia completamente inclusiva, onde o achismo não tem vez, onde a discriminação racial não tenha vez”.
GLEISI HOFFMANN
“Bolsonaro é o grande desestabilizador da democracia e dos direitos que nós temos que defender. É um ser abjeto, inconsequente, incapaz politicamente e de se colocar no lugar do outro, de ser solidário. É autoritário e preconceituoso”, afirmou Gleisi.
“Ele aposta no caos para poder fazer um fechamento de regime e tentar poder governar com o que ele acredita que é o certo”.
JULIANO MEDEIROS
“Não há dúvida que a situação que estamos vivendo, com mais de 45 mil vítimas, um milhão de infectados pela pandemia de coronavírus é de inteira responsabilidade do governo Jair Bolsonaro”, apontou o presidente do PSOL.
“O Congresso Nacional aprovou mais de R$ 260 bilhões para poder garantir às pessoas condições materiais para ficarem em casa, para que o isolamento social não fosse um privilégio, mas um direito. Desse dinheiro, o governo federal usou apenas 43%. O resultado é o que estamos vendo. Quase 30 milhões de brasileiros procurando emprego durante a pandemia”.
EURÍPEDES MACEDO JR.
O presidente nacional do PROS acredita que “nós devemos conversar com todos os partidos possíveis, todos os que possam estar na frente”. “Mais do que nunca, devemos nos unir” para não deixar com que os retrocessos aconteçam.
“Devemos, como presidentes de partidos, discutir bem nas nossas bases para que essa situação dessa nova frente possa ser forte e ter algum efeito. Às vezes os parlamentares fazem uma coisa enquanto o partido faz outra. Nós temos que conversar bem com todos”.
Quanto à pandemia, “o presidente vem com uma linha totalmente contrária a todos. Não usa máscara, participa de manifestações. Tudo ao contrário do que tem sido falado, do que a mídia e o mundo falam”.
Eurípedes também denunciou a “tentativa dele de interferir nos órgãos de investigação para obter aliados e obter informações”.
P. B.