Nominata indicada e pressão por investigação aumenta. Ala do Senado defende investigação de contratos e acordos da petroquímica responsável pelo afundamento do solo em Maceió. Trabalhos começam em 2024
A lista dos integrantes que devem compor a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado, que vai investigar o desastre da Braskem em Maceió, já tem o nome de pelo menos 7 senadores, segundo líderes na Casa.
As indicações das legendas foram feitas nas últimas semanas após a pressão de ala do Senado sobre a empresa petroquímica responsável pelo afundamento do solo na capital alagoana.
Como a maioria dos líderes já escolheu os nomes, a avaliação é que há quantidade suficiente — quórum — para instalar o colegiado.
SOB ARTICULAÇÃO DE RENAN
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) coordena a articulação para a montagem da comissão e acredita na sua instalação já na próxima semana.
São 7 cadeiras do colegiado — dentre as 11 reservadas para membros titulares — que já estariam ocupadas, segundo os líderes partidários.
O número é suficiente para instalação da comissão. A lista inicial é composta por Renan Calheiros (MDB-AL), Efraim Filho (União Brasil-PB), Omar Aziz (PSD-AM) e Cid Gomes (PDT-CE), além de Jorge Kajuru (PSB-GO), Eduardo Gomes (PL-TO) e Wellington Fagundes (PL-MT).
PP, PT E COMANDO DO COLEGIADO
O PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), ainda não decidiu sobre as indicações, assim como o Republicanos.
O mesmo ocorre com PT, do senador baiano Jaques Wagner, líder do governo no Senado.
O senador Omar Aziz, que atuou como presidente da CPI da Covid, em 2021, é um dos cotados para assumir a presidência do colegiado na investigação contra a Braskem.
EMPRESA DIZ QUE REPARA IMPACTOS
A Prefeitura de Maceió decretou situação de emergência, na quarta-feira, 29 de novembro, em razão de risco iminente de colapso de mina da petroquímica Braskem, na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.
Na tentativa de limpar sua barra, a empresa intensifica seu trabalho de relações públicas para mostrar uma imagem boazinha. Em nota enviada à imprensa, a Braskem afirma que desenvolve desde 2019 ações em Maceió com foco na segurança das pessoas e na implementação de medidas amplas e adequadas para mitigar, compensar ou reparar impactos decorrentes da desocupação de imóveis nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Farol.
ENTENDA O ACONTECIDO
Está em curso na capital alagoana, o maior crime ambiental em solo urbano do mundo, que ganhou repercussão nacional e internacional nos últimos dias, após novo episódio do terror que vive parte de Maceió, com o resultado da exploração da petroquímica Braskem, desde os anos 70 na cidade, com a extração de sal-gema.
Sal-gema é o material utilizado na indústria química para a produção de policloreto de vinila (PVC), soda cáustica, bicarbonato de sódio e ácido clorídrico. É formado a partir da evaporação de porções de oceano e encontrado em jazidas subterrâneas, a cerca de 1.000 metros da superfície.
As mais de 200 mil famílias atingidas direta e indiretamente, nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol têm, nos últimos 5 anos, vivenciado as complexidades do resultado da mineração no território, combinado com a omissão do Poder Público que dão materialidade ao crime que afeta cerca de 20% de Maceió.
DENÚNCIA DO CRIME DA BRASKEM
A denúncia do crime da Braskem voltou a tomar fôlego, a partir da ameaça de nova mina de exploração de sal-gema, no bairro do Mutange, colapsar.
A mina que segue em observação e monitoramento colocou a cidade em alerta e deu visibilidade às pautas e debates sobre o caso na capital alagoana.
INÍCIO DOS AFUNDAMENTOS
Os primeiros danos visíveis no solo foram registrados após tremores de terra atingirem Maceió em março de 2018, com abalo sísmico de 2,4 pontos na escala Richter.
Esses tremores causaram afundamentos de terra, erosões e rachaduras em casas, prédios e no asfalto das ruas. Os danos atingiram os bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol.
Desde então, o caso foi se agravando, e em 2019, a petroquímica encerrou a extração na região, cuja consequência foi mais de 60 mil famílias precisarem desocupar as casas nos bairros, que passaram a ser bairros fantasmas em Maceió.
M. V.